Excentricidade e ousadia marcam, como sempre, a ModaLisboa e David Motta é um expoente máximo dessa liberdade de expressão.
“Faço e penso em tudo sempre muito ‘impromptu’ (de improviso) ou organicamente”, evidencia o produtor de moda, a fazer carreira internacional entre Londres e Nova Iorque, que se destacou com diversos looks nos vários dias do grande evento de moda nacional.
O primeiro look "é de sonho e absolutamente extraordinário do David Ferreira", explica David Motta que salienta que "consciente ou inconscientemente" nos três dias do evento usou looks do designer. Os sapatos foram cristalizados à mão para a ocasião.
"Acho o David Ferreira mais do que um designer de moda, um couturier, um contador de histórias, muito esforçado e dedicado, com uma atenção extrema ao pormenor, para além da técnica e processo que são exímios. Como me revejo nisso tudo é um privilégio usar a roupa dele e não me podia sentir mais em casa", confessa.
Na segunda foto, com o primeiro do terceiro dia de ModaLisboa, o produtor destacou-se com um fato de Constança Entrudo, com quem trabalha.
"Fiz a direção de arte e o casting do desfile de Constança Entrudo, que foi o meu preferido de tudo o que vi! Muita coisa do que disse sobre o David se aplica à Constança. Tenho um respeito enorme não só pelo trabalho e marca, mas pela mulher que ela é, depois de um percurso profissional internacional entre Peter Pilotto, Marques Almeida e Balmain, decidiu voltar e focar-se na sua própria marca que está cada vez a correr melhor. A Constança é uma artista e é uma pessoa que jamais equacionaria estética sem ética e encontramo-nos imenso aí", desenvolve.
Sobre a coleção, David soma-lhe elogios:
"Esta coleção é de uma leveza única e ao mesmo tempo de uma elevação espiritual e intelectual brutal. O mundo não precisa de mais, precisa de melhor e a Constança e a marca dela não podiam representar isso melhor, foi tão bom que nem senti que estava a trabalhar!".
Na terceira foto, o visual é Gonçalo Peixoto.
"Para além de ser um amigo, tem uma marca e um negócio que leva bastante a sério, apesar de manter um sentido de cor, forma e fantasia com a qual me identifico. Tem a sua marca há vários anos e é novíssimo. Quando nos conhecemos não quis acreditar e o respeito e admiração foi imediatamente mútuo. Adoro a vibração da cor cor-de-laranja e quando provei estas duas peças não me podia ter sentido melhor. Adorei o facto das calças serem tão baggie e compridas. Como sou mínimo, mesmo com saltos foi um desafio e uma aventura, como eu gosto!", descreveu.
David Motta usa óculos Polaroid e uma carteira birkin, Hermès, pintada pelo artista Patrick Church. Como achei absurdo ter duas da mesma cor, apesar de serem de tamanhos diferentes, o meu amigo e cliente pintou-a como já fez a quinhentas mil coisas minhas, até fronhas de almofadas!", acrescenta com humor.
A completar os visuais escolhidos, David Motta elegeu joias Alan Crocetti e contou com a "preciosa mão" de Cláudio Pacheco do Chiado Studio no cabelo e Frederico Simão, do atelier Antónia Rosa, no make up.
"Às vezes até acho que passamos mais tempo a maquilhar-me que a própria Kim Kardashian", reflete.
Para terminar, David Motta destacou a organização e produção "exímia" desta 53ª edição da ModaLisboa, porque "ninguém tem noção da empreitada e responsabilidade que é “montar” e manter tudo isto... Acima de tudo fico muito satisfeito e orgulhoso de haver cada vez uma preocupação maior com o novo, porque a moda é exactamente isso.".
No evento “WORK STATION”, David Motta trabalhou com o designer António Castro.
"O António Castro também abandonou a Maison Margiela (couture) a trabalhar diretamente com o John Galliano para com toda a coragem se dedicar à sua própria marca. É de uma elegância e romanticismo brutais, não podia ser mais perfeccionista e identifico-me, respeito, estou lá e com ele até às últimas consequências", assevera.
Além dos trabalhos realizados na ModaLisboa com a designer Constança Entrudo e António Castro, David Motta dedica-se atualmente à produção do programa de moda da RTP2 “Armário”, faz styling e tem um projeto de arte a decorrer, em Londres, em novembro.
“E fui ‘mãe’, tenho um gato sphynx com 3 meses, e uma cadela whippet com 7 semanas, não posso dizer que não ando ocupado!”, acrescenta com humor.