A “SUPER-MODA” DO LIDL por Filipa Guimarães
Durante esta segunda vaga da pandemia, poucas coisas me fizeram rir em conjunto com os outros. Porque rirmos sozinhos não tem a mesma piada. Pode achar-se uma futilidade o motivo, mas para o objetivo “rir”, a nova linha de moda da cadeia de supermercados Lidl, serviu muito bem. Infelizmente, não fui a tempo de comprar nem uma peça, nem que fosse para surpreender um amigo. Quando me apercebi do fenómeno dos ténis com as cores do hipermercado, já uma amiga me estava a contar que estavam esgotados. A sério ou para gozar, a ideia foi genial. Pelo que soube, a coleção é composta por t-shirts e chinelos a 4,99€, meias um euro mais barato e os ditos ténis a 14,99€. Talvez existam inclusive mais baratos do que estes, mas a ideia de colorir as pessoas com roupa desportiva, nesta altura de confinamento, foi extraordinária. Pelos vistos, tudo começou por uma piada de 1 de abril, Dia das Mentiras, na Alemanha. Inventaram que iam vender calçado com as cores da conhecida marca e depressa se aperceberam do impacto positivo da brincadeira e começaram a comercializar a linha. Em julho, na Alemanha, Finlândia, Holanda e Bélgica os produtos ficaram esgotados. Por golpe de marketing ou incapacidade de produzir mais peças, começaram a aparecer exemplares de sapatilhas por 2 mil euros no site de vendas eBay. O mais certo, parece-
-me, é os responsáveis desta cadeia de supermercados terem aproveitado a especulação no mercado paralelo. Existirá maior teste a um produto do que este valorizar-te tanto e.… tão depressa? Cá, tivemos que esperar pelo fim de novembro, mas o sucesso foi igual. Espero bem que continuem a dar asas à imaginação e, a preços justos, e alegria a estes tempos tão cinzentos. Nas redes sociais, foi um divertimento. Desde uma fotografia do Fernando Pessoa com as sapatilhas berrantes calçadas, até à famosa fotografia da Sharon Stone, em “Instinto Fatal”, sentada com meias e chinelos do Lidl, foi um sem-fim de divertimento. Resta saber o que ainda vão inventar
para vender. Alguém falava de gabardines do Pingo-Doce... Quem sabe. Ao menos, que sejam coisas úteis e divertidas, pois bem precisamos de nos rir. Nem que seja com um mero par de meias coloridas.
(Crónica publicada na edição 1976 da Lux de 14 de dezembro)