Entre alegres reencontros, conversas descontraídas e muitos abraços, fez-se silêncio para se ouvir cantar o fado. Uma tradição que se voltou a cumprir no Clube de Fado, em Alfama, onde a Lux reuniu muitas caras conhecidas para uma típica noite alfacinha, na qual a gastronomia e a música portuguesa foram estrelas principais.
“É um prazer vir a uma casa como esta e, ainda por cima, encontrar-me com gente de qualidade como a que têm neste evento. Particularmente, sou amigo do Carlos Leitão e tenho sempre imenso prazer em ouvi-lo, mas todo o elenco é muitíssimo bom”, considera Júlio Isidro, realçando ainda “o jantar magnífico e muito português” que começou com caldo-verde, seguiu-se com bacalhau assado e culminou com arroz-doce e castanhas, ou não estivéssemos em vésperas de São Martinho. “Não sou um frequentador da noite e de grandes eventos, mas sempre que a Lux me convida venho”, acrescentou o apresentador.
Tal como também o faz Cinha Jardim, para quem estes encontros representam sempre momentos de amizade e boa-disposição. “É uma tradição e já temos aqui o nosso grupinho. Passa-se uma boa noite”, sublinha a comentadora de televisão, que é apreciadora de boas vozes e do som das guitarras. “Adoro fados! Ultimamente ia sempre com a Maria João Quadros, e aproveito para lhe fazer uma homenagem. Tenho muitas saudades dela, conhecia-me desde os meus 9 anos… Em qualquer lado que estivéssemos, ela cantava”, recorda Cinha.
Lili Caneças também recorre às suas memórias para explicar a admiração que tem pelo fado: “Apesar de eu ser o seu oposto – porque sou do samba, a minha genética é mais carioca do que lisboeta –, sempre adorei e desde pequenina que ia aos fados. Íamos para A Cesária, em Alcântara, que estava super na moda. Além disso, a Amália fechava sempre o Réveillon no Casino Estoril, onde passei sempre o final do ano, desde que estivesse em Portugal.” Lili destaca ainda que este género de música “representa a nostalgia do povo português” de uma forma inigualável: “Já vi tudo no mundo, já fui a todo o lado, mas som como o da guitarra portuguesa não há… e é o som mais bonito do mundo! Isso só existe em Portugal e só existe em Lisboa.”
Com fortes raízes ligadas ao fado, Mico da Câmara Pereira não tem dúvidas de que o estilo musical vive atualmente uma das suas melhores fases. “Está muito bem entregue em termos de intérpretes, tanto instrumentistas como cantores. Há cada vez mais gente a tocar bem guitarra portuguesa, viola de fado… e a cantar também. Deu um salto muito grande nos últimos anos”, avalia o músico. “Então numa casa como esta, que faz questão de ter sempre muita qualidade desde que abriu há 29 anos… Quem aqui vem para uma noite de fados sai daqui de ‘barriga cheia’!” – assegura.
Igualmente ligado à música, no seu caso como DJ, Rúben da Cruz considera o fado como “a nossa carta de identidade lá fora”. E não lhe faltam ideias para futuras colaborações, revela: “Já pensei várias vezes em tentar fazer uma fusão de culturas, neste caso juntar o afro house com o fado. O afro house já é uma fusão de música eletrónica com música africana, e conseguirmos conciliar com uma voz de fado seria incrível! Já ouvi algumas coisas parecidas e é uma das ideias que tenho para futuro.”
Uma sugestão que poderá agradar a Cléo Malulo, já que a atriz tem visto com bons olhos novas interpretações artísticas: “Tenho preferência pelo fado tradicional, mas tem havido boas surpresas. A fusão do fado com novos estilos de música tem sido maravilhosa! Acho bem, dá-se continuidade e fazem-se coisas novas, sem perder a essência.” Essência essa bem marcante ao longo do animado jantar da Lux, tão bem acompanhado pelas carismáticas vozes dos fadistas Lina, Carlos Leitão, Silvana Peres e Zé Maria Souto Moura. “O fado é para se ouvir numa casa de fados”, conclui Zulmira Garrido.
texto Vasco Pereira (vascopereira@masemba.com)
fotos Artur Lourenço
agradecimentos Castelões, Radiant, Sogenave, Adega Mãe, Bacalhau Riberalves,
Brejinho da Costa e Clube de Fado