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Nacional
Redação Lux em 19 de Junho de 2019 às 17:04
Catarina Furtado fala do privilégio de ter entrevistado o médico congolês Denis Mukwege, Prémio Nobel da Paz
1/3 - Catarina Furtado e o médico congolês Denis Mukwege, Prémio Nobel da Paz Foto: DR
2/3 - Catarina Furtado e o médico congolês Denis Mukwege, Prémio Nobel da Paz Foto: DR
3/3 - Catarina Furtado e o médico congolês Denis Mukwege, Prémio Nobel da Paz Foto: DR

O médico congolês Denis Mukwege, que em 2018 recebeu o prémio Nobel da Paz, esteve em Portugal para participar nas Conferências do Estoril a convite de Steven Braekeveldt, CEO do Grupo Ageas Portugal e, à margem do programa, esteve à conversa com Catarina Furtado, Embaixadora da Boa Vontade das Nações Unidas. 

“Foi um privilégio enorme! Já conhecia o seu documentário ‘City of Joy’, sobre a forma como as mulheres na República Democrática do Congo são violadas devido à guerra, usadas como armas de guerra, o que é inacreditável. Ao longo dos últimos anos o doutor operou mais de 40 mil mulheres e não só as recuperou fisicamente, mas também psicologicamente, já que lhes são dadas consultas de psicologia e auto-defesa. São transformadas de vítimas a líderes. Renascem! É extraordinário”, disse Catarina, que nas Nações Unidas trabalha as mesmas áreas que Denis Mukwege: saúde sexual e reprodutiva, igualidade de género e não violência e discriminação em relação às mulheres.

 

“O que é interessante é que as pessoas que são verdadeiros heróis, importantíssimas do ponto de vista do que fazem, têm depois uma enorme humildade. Ele esteve comigo na entrevista, que foi feita na Fundação Champalimaud, o tempo que foi preciso, com uma tal humildade e disse-me uma coisa que não vou esquecer: ‘A partir do momento em que salvei estas mulheres, em que elas confiaram em mim, e que o mundo ainda não erradicou este genocídio, eu não posso desistir daquilo que faço.’”

Catarina contou ainda que o médico chegou a ser ameaçado de morte pelo trabalho que faz e pela denúncia do que se passa, saiu do país, mas as mulheres que ele ajudou juntaram dinheiro para ele voltar e hoje, todas as noites, há 25 mulheres a fazerem de seguranças em casa do médico. “E ele diz que não pode desistir!”

Convidada para ir ao Congo ver o trabalho que Denis faz no terreno, Catarina Furtado confessa que estar com o Prémio Nobel da Paz foi “muito enriquecedor”:

“Aprendi imenso em 40 minutos de entrevista, não só aprendi como me inspirei e percebi que este é o meu caminho! Tenho de fazer mais e melhor, pelas mulheres, meninas e raparigas que são quem mais sofre no mundo inteiro!” 

Sobre deixar o trabalho em televisão para se dedicar a 100% ao trabalho que faz na Associação Corações com Coroa, a apresentadora diz:

“Por enquanto não porque o que tem acontecido é que tenho penalizado as minhas horas de sono! Mas a verdade é que tenho conciliado e levo sempre para a televisão as questões dos valores humanos. E é transversal a minha conduta cá fora enquanto cidadã e levo-a para os meus programas. Por exemplo, o livro que lancei há pouco tempo, “Adolescer”, é para a adolescência mas tem um capítulo unicamente sobre as questões dos direitos humanos. E ao longo do livro faço muitas partilhas de casos que conheci no mundo inteiro, faço sempre um paralelismo com o mundo em desenvolvimento. Todos os meus projetos estão ligados!”

É com a premissa de que “todos nós podemos dar mais aos outros” que Catarina educa os seus dois filhos: “Digo-lhes isso todos os dias, foi assim que fui ensinada, e o sucesso para mim é isso, é pensar nos outros e ver nos outros uma melhoria na sua vida porque nós também contribuímos para isso.”

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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