PUB
PUB
Nacional
Alta Costura por Filipa Guimarães: 'Trump no Twitter'
Alta Costura na Lux por Filipa Guimarães, jornalista e escritora Foto: Carlos Ramos
Redação Lux em 19 de Novembro de 2020 às 18:00

'Trump no Twitter: para mais tarde recordar' por Filipa Guimarães

Não foi só a eleição de Joe Biden que pôs meio mundo a festejar. Foi também a derrota de Donald Trump. A ele devemos, infelizmente, uma nova era de fazer política à margem dos jornalistas. Ele inaugurou o político ‘tuiteiro’, ou seja, da rede social mais rápida e mais interativa do mundo: o Twitter. Sem contraditório nem filtros, aqui seguem apenas alguns dos mais controversos tweets do ainda presidente dos EUA. Há rankings dos mais errados, dos mais estúpidos, dos mais coléricos. Os jornalistas, mesmo contrariados, tiveram de passar muitas vezes a citá-los. Aqui vai a minha seleção: 1) Depois de passar o fim de semana no hospital com o coronavírus, Trump ‘tweetou’ que estava de regresso a casa, sentindo-se “melhor do que há 20 anos”; 2) “O conceito de aquecimento global foi criado por e para os chineses, a fim de tornar o fabrico dos EUA não competitivo”; 3) “O louco do Joe Biden está a tentar agir como um durão. Na verdade, ele está fraco, tanto mental como fisicamente, e ainda assim ameaça-me, pela segunda vez, com agressão física. Ele não me conhece, mas iria cair rápido e a chorar. Não ameace as pessoas, Joe!”; 4) “Claro que devíamos ter capturado Osama Bin Laden. Assinalei-o no meu livro ANTES do ataque ao World Trade Center. O presidente Clinton errou a sua tacada. Pagamos bilhões de dólares ao Paquistão e eles nunca nos disseram que ele vivia lá. Tolos!”; 5) “O México vai pagar o muro!”; 6) “É incrível, o diretor de Saúde do Estado que verificou as cópias da ‘certidão de nascimento’ de Obama morreu hoje num acidente de avião. Todos os outros sobreviveram”; 7) “Se os idiotas que mataram todas aquelas pessoas no Charlie Hebdo tivessem apenas esperado, a revista teria falido – sem dinheiro não há sucesso!”; 8) Ao presidente iraniano Rouhani: “NUNCA, NUNCA MAIS AMEACE OS ESTADOS UNIDOS OU VAI SOFRER AS PIORES CONSEQUÊNCIAS COMO POUCOS AO LONGO DA HISTÓRIA JÁ SOFRERAM. JÁ NÃO SOMOS UM PAÍS A REPRESENTAR SUAS PALAVRAS DEMENTES DE VIOLÊNCIA E MORTE. TENHA CUIDADO!”; 9) “Outro ataque em Londres por um terrorista falhado. Essas são pessoas doentes e dementes que estavam na mira da Scotland Yard, que deve ser proativa!”; 10) “Meryl Streep, uma das atrizes mais sobrestimadas de Hollywood, não me conhece, mas atacou-me ontem à noite nos Globos de Ouro. Ela é uma...” A lista é enorme e, infelizmente, vai ficar na História pela sua animosidade. Nunca ninguém teve, até agora, um comportamento público tão colérico, belicoso nem insultuoso para com outros líderes mundiais, imigrantes, ex-presidentes, diplomatas, famosos e mulheres. E tudo à escala global. Trump desconhecerá a palavra reputação? É que, agora, só por milagre a recuperará. Ele e todos os que o tornaram possível. Porque, convém não esquecer, ele nunca esteve sozinho.

(Crónica publicada na revista Lux 1072 de 16 de novembro)

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
Comentários

PUB
pub
PUB
Outros títulos desta secção