Eduardo Sá partilhou com os seus seguidores as suas impressões sobre o teletrabalho, realidade que atinge muitas pessoas com o confinamento exigido pela pandemia.
O psicólogo clínico chama a atenção para os horários excessivos e para a disponibilidade permanente, potenciadores de um "burnout em relação à quarentena".
"Desde as reuniões muito cedo, para garantirem que não nos “vingamos” no sono, até aos últimos mails, a chegarem com os telejornais das 8, fazem dos nossos dias um “pequeno inferno”, evidencia.
Eduardo Sá lembra que trabalhar de casa tem múltiplas vantagens como "até trabalhar de pantufas". No entanto, alerta:
"não cumpre com as regras de segurança no trabalho (tal é o “alarme permanente” em que se vive). É verdade que decorre num “open space”; outrora acolhedor (a nossa querida sala). Que se dá em regime de coworking. E que transforma a nossa mesa de jantar num “centro de negócios”. Mas pela forma como nos obriga a dividir o trabalho com a casa, escola, crianças, refeições, bulhas e etc. - desde manhã, até que nos deitamos - “consome-nos” os dias, todos os dias. E faz de nós “workaholics dos tempos modernos”. Que suspiram, a todo o momento, pelo hora de voltar ao trabalho! Quem diria?"
O profissional considera que, na maioria das vezes, trablhar de casa implica trabalhar mais mas, sobretudo, "sem regras e com crianças e “escola” à mistura".
"Quem é que, agora, sempre que o telefone toca, não vive num stress que faz mal à saúde, tal é o medo que, do outro lado, lhe perguntem: “estás ao pé do computador”? Não há condições para trabalharmos (desta maneira!) todas estas horas a partir de casa! A sentirmo-nos obrigados a estar sempre disponíveis. E isto começa a ser tão exaustivo que, num destes dias, ainda entramos mas é numa espécie de burnout em relação à quarentena. E, depois... é “o cabo dos trabalhos”, remata.
Leia aqui o texto na íntegra:
Um dia, vamos ter de falar melhor acerca disso a que temos chamado teletrabalho. E que, dadas as circunstâncias, nos fez fechar em casa com o computador e um telefone sempre com o dedo no “gatilho”. E que, desde as reuniões muito cedo, para garantirem que não nos “vingamos” no sono, até aos últimos mails, a chegarem com os telejornais das 8, fazem dos nossos dias um “pequeno inferno”.
Uma pessoa não se levanta às 6; é verdade. Não perde uma hora no “pára-arranca” das filas para o emprego; confirma-se, também. E está longe de lhe dar um piripaque, todas as manhãs, como quando o nosso nervoso miudinho chocava com a calma de um dos nossos filhos. Uma pessoa pode, até trabalhar de pantufas, por ex. Mas o teletrabalho não dá atenção aos horários ou às folgas. E não cumpre com as regras de segurança no trabalho (tal é o “alarme permanente” em que se vive). É verdade que decorre num “open space”; outrora acolhedor (a nossa querida sala). Que se dá em regime de coworking. E que transforma a nossa mesa de jantar num “centro de negócios”. Mas pela forma como nos obriga a dividir o trabalho com a casa, escola, crianças, refeições, bulhas e etc. - desde manhã, até que nos deitamos - “consome-nos” os dias, todos os dias. E faz de nós “workaholics dos tempos modernos”. Que suspiram, a todo o momento, pelo hora de voltar ao trabalho! Quem diria?…
Trabalhar a partir de casa pode ser bom; claro. E, vendo bem, trabalha-se (muitas vezes) mais e, até, melhor. Mas sem regras e com crianças e “escola” à mistura, não é fácil!! Quem é que, agora, sempre que o telefone toca, não vive num stress que faz mal à saúde, tal é o medo que, do outro lado, lhe perguntem: “estás ao pé do computador”? Não há condições para trabalharmos (desta maneira!) todas estas horas a partir de casa! A sentirmo-nos obrigados a estar sempre disponíveis. E isto começa a ser tão exaustivo que, num destes dias, ainda entramos mas é numa espécie de burnout em relação à quarentena. E, depois... é “o cabo dos trabalhos”.