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Nacional
Melânia Gomes: 'Fui abusada por uma pessoa da minha família numas férias. Tinha 5, 6 ou 7 anos'
Melânia Gomes - Lançamento da nova máquina de lavar da Hoover Foto: Divulgação
Redação Lux em 22 de Março de 2023 às 11:44

Foi numa conversa emocionada e com um sentimento de revolta pela, muitas vezes, impunidade dos agressores, que Melânia Gomes contou a Daniel Oliveira, no programa “Alta Definição”, que foi sexualmente abusada em criança. A atriz afirmou que decidiu falar agora sobre o que lhe aconteceu, por estar “muito preocupada com este mundo em que se vive, com as atrocidades que se fazem, com o facto de as crianças não estarem a ser protegidas, não estarem a ser defendidas”.

Sobre si, diz: “Sinto que hoje, embora já esteja bem, há muita gente que não está. E é preciso chamar a atenção, porque isto acontece em todo o lado, nas melhores famílias, com o vizinho do lado, dentro de casa, na escola…”, levando-a a relatar o seu caso: “Fui abusada por uma pessoa da minha família numas férias. Tinha 5, 6 ou 7 anos. Reprimi. Volta e meia tinha flashes, imagens… situações, cheiros, tudo muito sensorial, muito forte, e da mesma forma que vinha, ia (…) e foi preciso bastante tempo para trabalhar isto, fazer psicoterapia… Fiz tudo, fiz muita coisa para poder enfrentar de facto o que aconteceu.”

No seu caso, o abuso aconteceu durante umas férias na casa dessa pessoa: “Acontecia quando eu estava sozinha, ou porque me ia dar banho, ou quando eu estava a dormir, ou a brincar sozinha e aquilo foi estranho, gradual e as coisas foram escalando… Fiz um telefonema, a dizer que queria ir embora, e fui embora”, afirma, revelando que, apesar de ter contado, ninguém fez nada e continuou a cruzar-se com o agressor: “Contei tudo e fiquei à espera de uma reação, mas a pessoa nunca foi confrontada, nunca ninguém fez nada. Acho que acreditaram em mim, mas havia uma esperança muito grande de que, como eu era pequena, fosse esquecer e a verdade é que não esqueci, mas reprimi. Contei e ninguém sabia lidar com aquilo que contei.” E continua: “Parece que foi preciso a pessoa morrer para eu ter força para falar, porque eles ficam sempre num sítio tão assustador que não falas. Por isso é que os prazos para fazer as queixas me deixam virada do avesso. Cada pessoa tem o seu tempo, devia haver mais empatia… Sofri tudo sozinha, pedi ajuda e ninguém me deu. Eu resolvi, mas àquela pessoa não aconteceu nada e não sei a quantas mais pessoas pode ter feito o mesmo. É preciso muita coragem para falar sobre isto e a denúncia devia ser mais apoiada, encorajada e depois efetivada.”

Ao mesmo tempo, denuncia situações em que “os tribunais obrigam as crianças a estar e a ver o agressor”, que, na maioria dos casos, sai impune. “Esses comedores de almas, porque eles tiram a alma... o brilho dos olhos daquela criança desaparece. E às vezes ficamos a achar que é para sempre, tiram-lhes a infância, e não podemos dar-lhes esse poder. Aquilo aconteceu, mas continuei, salvei-me e posso salvar outras pessoas. Vamos a tempo de salvar muitas crianças.”

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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