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Nacional
Redação Lux em 22 de Novembro de 2019 às 17:09
Prémios da Estoril Sol entregues a Maria do Céu Guerra, Carlos Vale Ferraz e Judite Canha Fernandes

Em cerimónia solene, o Auditório do Casino Estoril acolheu a entrega do Prémio Vasco Graça Moura - Cidadania Cultural - a Maria do Céu Guerra, e dos Prémios Literários Fernando Namora e Agustina Bessa-Luis, instituídos pela Estoril Sol, e referentes a 2018, respectivamente, a Carlos Vale Ferraz e Judite Canha Fernandes. Guilherme d’Oliveira Martins, Presidente do Júri dos Prémios da Estoril Sol, presidiu a este importante evento, que contou com a presença de numerosas personalidades ligadas às Letras e às Artes.

Num oportuno enquadramento das obras vencedoras, Guilherme d’Oliveira Martins, recordou que “A Última Viúva de África”, de Carlos Vale Ferraz que venceu o Prémio Literário Fernando Namora, “é uma obra marcante não só como revivência de um período histórico cujos ecos devem ser recordados, mas também por constituir uma importante linha de criação literária que permite enriquecermos uma visão global e complexa de uma história de muitas histórias”. Já sobre Judite Canha Fernandes que foi distinguida com o Prémio Literário Revelação Agustina Bessa Luís, sublinhou que a obra vencedora, “Um Passo para Sul”, “é um romance fundado num triângulo geográfico e existencial, repartido por Cabo Verde, São Tomé e Açores. Os registos linguísticos e imaginativos do crioulo inscrevem-se criativamente na estrutura global da narrativa, contribuindo para a formatação de uma linguagem literária muito estimulante. (…) Um romance arquipelágico que elege como protagonista a Macaronésia numa relação aberta e complexa em que a natureza se encontra com o género humano.”.

Em relação ao Prémio Vasco Graça Moura, o Presidente do Júri disse que “Maria do Céu Guerra é uma mulher do teatro e da cultura, da palavra e da liberdade criadora. É um exemplo que devemos destacar pela persistência, pela força, pelo entusiasmo e pela sensibilidade”.

Por sua vez, no uso da palavra, Maria do Céu Guerra referiu: “Este ano foi para mim um ano de prémios e de reconhecimentos. Agradeço ao meu País ter-me permitido, ainda que quase sempre ao arrepio das instituições do Estado, ter feito a carreira que fiz. Em que a par do trabalho teatral que tive oportunidade de fazer, os sucessivos júris têm vindo a realçar a componente da cidadania”.

Já Carlos Vale Ferraz, distinguido com o Prémio Literário Fernando Namora, sublinhou: “Os prémios não tornam os livros melhores, mas estimulam os autores a serem melhores, aumentam a sua responsabilidade. Os prémios são actos de reconhecimento que contribuem para melhorar a relação da sociedade com a literatura. No meu caso com o romance. Por isso todos os que escrevem e publicam merecem o reconhecimento da sociedade e dos seus pares. É esse reconhecimento que aqui recebemos por parte da Sociedade Estoril Sol, bem hajam”.

Por sua vez, Judite Canha Fernandes, vencedora do Prémio Literário Revelação Agustina Bessa Luís, referiu que “um autor ou uma autora nada mais pode dizer sobre um livro do que ele encerra. Ou seja, não me parece que possa dizer mais sobre “Um Passo para Sul” do que aquilo que lá está. A escrita não tem tradução para além dela mesma. É um processo solitário, lugar de uma pessoa só, frente a papéis, ao computador, às palavras, eventualmente de uma ideia. No interior desse movimento perpétuo, está sempre presente, no entanto, que o que se escreve não se destina a ficar em quem escreve. Que a partir do momento em que se termina um livro, ele deixa de ser nosso. Este livro já não é meu, eu já me despedi dele. Ele agora é de quem o ler”.

A abertura da cerimónia, o Presidente da Estoril Sol, Mário Assis Ferreira, referiu: “Esta cerimónia solene volta a ser comum aos três Prémios Literários instituídos, em diferentes momentos, pela Estoril Sol, e todos eles reportados a 2018, correspondem, na sua especificidade e patronos, a diferentes universos das Letras e da vida cultural portuguesa. Só por isso, já é gratificante para uma Empresa como a Estoril Sol ter persistido em contribuir, fora do seu core business de actividade, para dinamizar as Letras, designadamente a ficção ou as artes plásticas e ver-se recompensada com o reconhecimento público por esse esforço continuado”.

A aposta na Cultura e no Espectáculo continua a nortear a Estoril Sol, um conceito original de que nos orgulhamos e que fez a diferença, comparativamente com aquilo que era a prática seguida até então. Dos Prémios Literários à Galeria de Arte e às Artes Plásticas − ou à revista “Egoísta” e ao seu acervo de reputados colaboradores, distinguida com uma vasta lista de prémios nacionais e internacionais -, é impressiva a panóplia de iniciativas de natureza cultural a que a Estoril Sol se obriga, como matriz do seu modelo conceptual. A promoção da Cultura é, pois, uma “marca de água” que nos acompanha desde há muito e à qual nos queremos manter fieis”, concluiu Mário Assis Ferreira.

 

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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