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Camané canta «crónicas do quotidiano do amor» em novo álbum
Camané no Sudoeste 2008 (foto: Manuel Lino)
Redação Lux  com Lusa em 23 de Setembro de 2010 às 14:05
O fadista Camané subiu o tom da ironia para cantar «crónicas do quotidiano» no álbum «Do amor e dos dias», que é lançado na próxima segunda feira.

«Sinto-me mais à vontade para cantar num registo irónico, que talvez há dez anos não tinha, e agora consigo sair de mim e passar esse registo emocional de uma forma mais verdadeira», disse Camané à agência Lusa, para explicar o tom que atravessa o novo álbum.

Depois do sucesso de «Sempre de mim» (2008), que lhe valeu a platina (20 mil discos vendidos), Camané procurou que o fado soasse a novo, mesmo sendo antigo, porque «o fado fala dos sentimentos todos de uma forma muito profunda e verdadeira, crua».

Em «Do amor e dos dias», com produção de José Mário Branco, Camané canta «crónicas do quotidiano do amor», fados mais descritivos e introspetivos, como se estivesse em diálogo com alguém.

Do alinhamento há fados tradicionais, temas novos e textos inéditos para composições antigas, como «Casa (tentei fugir da mancha mais escura)», com poema de David Mourão-Ferreira para uma composição de Alain Oulman que já Amália tinha cantado em «Sombra».

O registo irónico está também em «Guerra das rosas», de Manuela de Freitas e José Mário Branco, o primeiro fado retirado do álbum e que Camané diz ser uma novidade no seu percurso.

«Senti que era uma coisa extremamente nova, eu nunca cantei [a palavra] computador na minha vida e a forma como está retratado... é do amor e dos dias», disse o fadista.

O álbum tem poemas de Alexandre O`Neill, Sérgio Godinho, Fausto, Frederico de Brito, Cesário Verde, mas também de pessoas menos conhecidas, que o contactam a mostrar letras para fado, como Maria Margarida Castro e Miguel Novo.

Camané apresentará o álbum novo no dia 07 de outubro no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, onde promete «fazer qualquer coisa de novo».

«A forma de chegar às pessoas, [é] dando-lhes aquilo que eu acredito, tentar o que eu acho que eles devem ouvir e não aquilo que eles querem ouvir», disse.

Camané, 43 anos, uma das principais vozes do fado atual, está satisfeito por se ter reconciliado com a sua geração, porque o fado está mais acessível a públicos mais novos.

O fadista também contribuiu para isso. Participou nos Humanos, um projeto pop rock ao lado de David Fonseca e Manuela Azevedo, cantou com Sérgio Godinho e com os Xutos & Pontapés.

«Questionei vários vezes [o fado]. Quando cantava outras músicas diziam-me que parecia que estava a cantar fado (...) hoje em dia já se aceita que este tipo de característica de voz possa cantar outro género. Tive um reencontro com a minha geração através do fado», disse.
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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