Foi no Dia Nacional do Coming Out, celebrado a 11 de outubro nos Estados Unidos, que Rui Maria Pêgo lembrou como contou aos pais, Júlia Pinheiro e Rui Pêgo, que era homossexual.
“Sempre tive um problema com a expressão ‘coming out’ ou ‘sair do armário’. O ‘assumir’ também não me cai bem. Acho o ‘confessar’ horrível. Toda esta terminologia pressupõe um segredo; uma vergonha; um pecado escuro e sombrio que deve ser posto de lado a todo o custo. Foi assim que cresci até aos 19 anos, quando acabei por contar aos meus pais, lavado em lágrimas, cheio de medo de rejeição e com uma sensação de perigo iminente, que ‘gostava de rapazes’”, começou por contar o radialista da Mega Hits.
Rui Maria Pêgo, de 28 anos, lembra, que antes dos pais, contou “a alguns amigos” e, “mais tarde, às pessoas com quem trabalhava”. Disse ainda, “não é simples e deixa nódoas na alma durante anos. No meu caso, tenho a sorte de viver rodeado de pessoas que me amam. E de ter nascido de pais que são inteligentes, sensíveis e com a noção do que é gostar. Dito isto: não sou especial. Sou um homem igual a tantos outros, que tem um megafone nas mãos (no entanto, concedo que tenho pestanas incríveis). Não fazer alguma coisa quase nos 30 era voltar a contribuir para a tristeza do Rui Maria dos 12, que controlava os gestos, os gostos, a voz, na esperança de ser aceite”.
Recorde-se que foi após o massacre na discoteca Pulse em Orlando, Florida – clube popular entre a comunidade gay nos Estados Unidos – que vitimizou 50 pessoas, que o filho de Júlia Pinheiro assumiu a sua orientação sexual. “Coincide gostar de homens. Mas gosto mais de que toda a gente possa ser o que quiser, onde quiser, de que forma quiser, sem esperar um balázio na testa”, escreveu na altura, em abril de 2016.