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Nacional
Natália Ribeiro  com Fotos: Jessica Henrique Cardoso em 22 de Maio de 2010 às 12:01
Miguel Sousa Tavares lança novo livro infantil
Uma janela aberta, uma música tocada ao piano pelo filho Martim, e um coelho a passar em plena planície alentejana deram a Miguel Sousa Tavares a inspiração para o seu novo livro infantil.

«Ismael e Chopin» conta a história da improvável amizade entre o coelho bravo Ismael (uma homenagem a Moby Dick) e o jovem músico Chopin, com ilustrações de Fernanda Fragateiro.

«Tenho uma casa no Alentejo onde vou muitas vezes com o meu filho. O Martim tem lá um piano onde toca horas sem fim. Às vezes estou no terraço e oiço a música que está a tocar. Um dia, ele estava a tocar e passou um coelho bravo e foi assim que surgiu a história», contou o jornalista no dia do lançamento do livro, que decorreu no CCB, na sala Almada Negreiros.

Uma revelação que surpreendeu o próprio Martim Sousa Tavares que, ao piano, interpretou algumas peças de Chopin. «O meu pai disse que eu me esqueço da janela aberta, mas não, eu deixava-a aberta de propósito para lhe dar o prazer de ouvir. Mas não sabia que tinha sido assim que lhe apareceu a história deste livro. Ainda bem que ele disse isto depois de eu tocar, senão tinha sentido ainda mais pressão (risos)», explicou.

O filho mais novo do jornalista, de 18 anos, está a estudar direcção de orquestra e prepara-se para ser o primeiro músico da família.

«O meu pai é só um ouvinte apoiante. Não pode ser crítico porque não tem formação musical para isso, tal como eu não posso ser crítico literário dos livros. Eu gosto do trabalho dele e ele do meu. Sou o primeiro músico da família e é uma grande responsabilidade, até porque estou a começar um caminho numa família que tem uma grande inclinação literária. Se calhar vou abrir aqui um novo capítulo na história familiar», revelou.

Miguel Sousa Tavares assistiu atentamente à prestação do filho e não lhe poupou elogios. «Eu sei o que o Martim treina. São muitas horas todos os dias».

Sobre «Ismael e Chopin», o jornalista diz: «É o melhor livro que escrevi até hoje» e explica porque é que gosta tanto deste género de escrita: «Escrever para crianças é um dever cívico, é quase um serviço público. Acho que se devia fazer um teste a todos os autores e quem nem soubesse escrever um livro para crianças não devia editar mais. É essencial. Temos de lutar pelos livros e começa-se a lutar pelos livros em pequeno e não em grande. Estou em cruzada contra os livros electrónicos, contra o facilitismo. E a minha contribuição é tentar escrever o melhor que sei para crianças», assegura.

Rita Sousa Tavares confessa que ainda não leu o último livro do pai. «Estou curiosa. O meu pai é um contador de histórias. Adora contar histórias e acho que já contou muitas aos meus filhos, assim como eu. Mas não na minha presença. O processo de escrita do meu pai é muito solitário, como o de todos os escritores».
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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