O ator Ruy de Carvalho, 85 anos, será agraciado, na próxima terça-feira, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, disse fonte da Presidência da República.

A cerimónia de condecoração está prevista para as 12:00, no palácio de Belém, em Lisboa.

O ator está a completar 70 anos de carreira artística e, no ano passado, quando a atriz Eunice Muñoz fez 70 anos de teatro, também o chefe de Estado lhe impôs igual condecoração.

Ator regular nos elencos das telenovelas e seriados televisivos nacionais, Ruy de Carvalho estreou-se, como amador, em 1942, no Grupo da Mocidade Portuguesa, com a peça «O Jogo para o Natal de Cristo», encenada por Francisco Ribeiro, conhecido como Ribeirinho.

Frequentou em seguida o Conservatório Nacional. Em 1947, pisou pela primeira vez o palco do Nacional D.ª Maria II, em Lisboa, integrando o elenco da companhia Rey-Colaço/Robles Monteiro.

Passou depois pelo Teatro Avenida, em Lisboa, pela companhia Rafael Oliveira e pelo Teatro Monumental, pelo Teatro do Povo e, em 1961, integrou o Teatro Moderno de Lisboa, com sede no Cine-Teatro Império.

Antes, em 1957, o ator protagonizara a primeira peça apresentada na televisão, em Portugal, o «Monólogo do vaqueiro», de Gil Vicente, quando da criação da RTP.

Em 1963, assumiu a direção artística do Teatro Experimental do Porto, onde realizou a sua única experiência como encenador, em «Terra Firme», de Miguel Torga.

O ator integrou outras companhias, nomeadamente a residente do Teatro Maria Matos, em Lisboa, com a qual realizou digressões ao Brasil e às ex-colónias portuguesas, em África.

Em 1977 fez parte do elenco de relançamento do Teatro D.ª Maria II, onde trabalhou até à sua extinção.

Neste período participou na primeira telenovela portuguesa de produção portuguesa, «Vila Faia» (1982), realizada por Nuno Teixeira.

Com o encenador Filipe La Feria, integrou o elenco dos musicais «Passa por mim no Rossio» (1992) e «Maldita Cocaína»(1994), em que contracenou entre outros com Simone de Oliveira, e ainda «A Casa do Lago», de Ernest Thompson (2002), que protagonizou com Eunice Muñoz.

Em 1998, dirigido por Richard Cotrell, protagonizou «Rei Lear», de Willaim Shakespeare, no âmbito das celebrações do 150.º aniversário do Teatro Nacional.

Em Espanha, participou no concerto de encerramento da temporada do Teatro Monumental de Madrid, «Orfeu», com textos de Fernando Pessoa e música de Pablo Rivière, a convite do encenador Simon Suarez, protagonizou «Fígaro», de José Ramon Encinar, no Teatro Lírico La Zarzuela, na capital espanhola.

O filme «Eram 200 irmãos» (1951), de Armando Vieira Pinto, marca a sua estreia no cinema. Integrou também os elencos de «Pássaros de Asas Cortadas» (1963), de Artur Ramos, «Domingo à Tarde» (1965), de António Macedo, «A Bicha de Sete Cabeças» (1978), também de Macedo, «O Cerco» (1969), de António da Cunha Telles, «Cântico Final» (1974), de Manuel Guimarães.

No ano de 1990, integrou «O Processo do Rei», de João Mário Grilo, e «Non ou a Vã Glória de Mandar», de Manoel de Oliveira, com quem trabalhou ainda em «A Caixa» (1994) e em «O Quinto Império - Ontem Como Hoje» (2004).

A condecoração que será imposta por Aníbal Cavaco Silva irá juntar-se à Comenda e ao Grande Colar da Ordem Militar de Sant¿Iago da Espada que Ruy de Carvalho recebeu, respetivamente, em fevereiro de 1998 e em março de 2010, ao grau de comendador da Ordem do Infante, que recebeu em junho de 1993, e à Medalha de Mérito Cultural, atribuída pela Secretaria de Estado da Cultura, em 1990.

O ator recebeu os Prémios de Imprensa para o Teatro nos anos de 1962, 1981, 1982 e 1986, os Prémios de Imprensa para o Cinema em 1965, 1966 e 1971, os Prémios da Crítica em 1961, 1962, 1964, 1965 e 1981.

Em 1998, recebeu o Globo de Ouro Personalidade do Ano e o Prémio Luís de Camões, da Universidade Lusíada, e ainda o Prémio Byssainha da Fundação Bissaia Barreto. Em 1999, recebeu o Globo de Ouro para Melhor Ator.

Lusa