Maria Barroso morreu. Outros escreverão bem melhor do que eu sobre a sua Fé reencontrada, a militância política, a defesa do que considerava serem os princípios básicos de respeito e solidariedade pelo Outro. A todos, incluindo os mais parcimoniosos no elogio, lerei com atenção, sem dúvida assestarão holofotes sobre vertentes da sua personalidade que desconheço. Para mim, como tantas vezes, é mais um pretexto para dar rédea solta à memória, recordando a alegre ternura que marcava os encontros do casal Mário Soares/Maria Barroso com meus Pais. E um determinado jantar político, Mário Soares chamando-a: "Maria de Jesus, estão aqui o Professor Machado Vaz e a Maria Clara". O conforto da voz divertida de meu Pai: "e o nosso rapaz".
Era uma vez um..., cantaria o Sérgio Godinho. É verdade, era uma vez um. Que não esquece.
Nuno Santos
NA MORTE DE MARIA BARROSO
Este ano não fui à festa do Colégio. Não sei se ela esteve lá. Também não perguntei, é certo.
Deve ter estado. Sempre esteve. Sempre esteve onde era preciso. Em tantos momentos difíceis, de risco, de rotura.
90 anos são uma vida longa e, para mais, uma vida bem vivida. Sobressaltada. Com muitos obstáculos. Mas intensamente vivida.
Há pessoas que nos fazem falta. Em geral. À família, às famílias, à comunidade, ao país.
Que mulher admirável! Que orgulho devem ter o João e a Isabel. Os netos! As mais velhas! Os mais novos, ainda pequenos!
Que caminho ela fez, lado a lado, durante décadas com Mário Soares.
Maria de Jesus Barroso foi uma actriz e uma pedagoga. Uma Humanista. Uma defensora das liberdades (num tempo de opressão) e uma defensora das causas mais nobres (num tempo de liberdade).
Uma mulher de rara inteligência e sensibilidade. Uma mãe de família e uma mulher - desassombrada - ao lado, nunca atrás, de um grande homem, o mais importante na nossa história democrática.
Este ano não vai dar longas caminhadas no Vau, almoçar com as amigas de sempre, saber se no Colégio tudo está a postos.
Este ano, a mulher que encontrou Deus quando quase perdeu o filho, vai estar apenas no coração da família e na memória daqueles que, como eu, como tantos de diferentes gerações,a admiravam. E alguma coisa lhe deviam.
Maria Barroso, obrigado pelo exemplo que nos deixa!
Lamento profundamente a morte da Dra.Maria Barroso, uma mulher solidária, atenta e capaz de dar o melhor de si.
Posted by Fátima Lopes on Terça-feira, 7 de Julho de 2015
Gratidão. Profunda admiração.Homenagem ❤️
Posted by Rita Ferro Rodrigues on Terça-feira, 7 de Julho de 2015
Marta Rebelo:
Esta Maria foi capaz de coisas impensáveis para as Marias actuais.
Foi mulher pioneira, foi mulher primeira, fui a única mulher,
Foi actriz, foi activista, foi mulher, casou por procuração e levou as alianças ao marido, à prisão, aguentou-lhe o exílio, a PIDE, educou dois filhos, manteve o Colégio Moderno. Foi sempre Maria Barroso, mas sempre ao lado do Mário Soares, sem competições de ego. Fez este mundo e outro, até aos 90.
Esta senhora rija, discreta, privada, queria ser lembrada, sem peneiras de diva, como uma cidadã solidária, amante da liberdade. Se não for, o Deus em que cria não existe, sou somos todos muito estúpidos.
Após 70 anos de vida comum, que será agora do marido de Maria Barroso, Mário?
E hoje, o País fica sem dúvida mais pobre! Descanse em Paz.
Posted by Luis Borges on Terça-feira, 7 de Julho de 2015
Hoje Portugal acordou mais triste com a partida da Dra. Maria Barroso, uma perda imensurável para o país. Tive o enorme...
Posted by Catarina Furtado on Terça-feira, 7 de Julho de 2015
Tive o privilégio de trabalhar várias vezes com a Dra Maria Barroso. Fica a imagem de uma Senhora muito elegante e muito preocupada com o próximo. Descanse em paz, hoje o país ficou mais pobre.
Posted by Liliana Campos on Terça-feira, 7 de Julho de 2015
Até sempre...
Posted by Flávio Furtado on Terça-feira, 7 de Julho de 2015