O filme «A Gaiola Dourada», do realizador franco-português Ruben Alves, foi recebido com sala cheia e aplausos pelo público da 37.ª Mostra de Cinema de São Paulo, na sua primeira exibição na cidade, na noite de quinta-feira.
Um dos espectadores chegou a pedir ao realizador que fizesse «A Gaiola Dourada 2», após o fim da projeção. Durante o filme, o público alternou momentos de riso com outros de emoção, envolvido na história de uma família portuguesa que vive em França há décadas, mas recebe uma herança e a oportunidade de voltar a Portugal.
«Estive contente com a sala cheia, pois nunca se sabe como cada público vai perceber o filme. Mas ele tem uma coisa de universal, uma história de amor, de família e de emigrantes, com a qual pessoas do mundo inteiro se podem identificar», disse Ruben Alves hoje à Lusa.
O filme, que será exibido mais duas vezes durante a mostra, estreará no circuito comercial brasileiro no dia 10 de janeiro, em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Em Portugal, a produção estreou em agosto e é a campeã de bilheteira do ano, com perto de 735 mil espetadores e uma receita bruta acumulada de 3,778 milhões de euros, segundo dados do Instituto do Cinema e Audiovisual.
Segundo o realizador, o filme já estreou em mais de dez países, e os seus próximos destinos serão Macau, Hong Kong, Austrália, Nova Zelândia, Panamá, Chile, Venezuela e África do Sul.
Nos Estados Unidos, «A Gaiola Dourada» será projetada no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque, numa apresentação especial em abril.
Alves afirmou que a existência de uma comunidade portuguesa significativa nos Estados Unidos e na Venezuela pode ajudar no sucesso do filme nesses países. Além disso, a nova onda de emigração, devido à crise económica, também aproxima a produção do público.
«Se calhar, o tema que eu fiz para falar da emigração nos anos 1960 e 1970, para falar dos meus pais, está muito atual», disse o realizador, que nasceu em Paris, filho de portugueses.
O sucesso da produção pode influenciar no próximo filme de Alves. O novo trabalho, no qual começará a trabalhar após o Natal, deverá ser novamente uma comédia que aborda de maneira ligeira temas profundos. Entretanto, o realizador disse não ter decidido se falará novamente de Portugal.
«Se continuo com isso [a tratar de Portugal], vou ficar como o realizador francês-português, como um carimbo. Ao mesmo tempo, tem um público à espera disso, entre os portugueses espalhados pelo mundo. Não podemos ir somente por esse caminho, teremos de pensar em algo para conectar as ideias», disse Alves.
Lusa