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Nacional
Família de Sophia Andresen considera Panteão «homenagem importante»
Sophia de Mello Breyner Andresen
Redação Lux em 12 de Janeiro de 2014 às 11:43
Os filhos da escritora Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004) consideram que a proposta da Assembleia da República para a trasladação da poetisa para o Panteão Nacional é «uma homenagem importante».

Este ano cumprem-se dez anos da morte da escritora, a 02 de julho, uma das datas possíveis para a trasladação, disse à agência Lusa Maria Andresen, uma das filhas da escritora.

Na sexta-feira, a rádio TSF noticiou que o corpo de Sophia de Mello Breyner Andresen deverá ser transladado para o Panteão antes de Eusébio, existindo um acordo de todos os partidos do parlamento para que a resolução seja aprovada.

Nascida no Porto, Sophia de Mello Breyner Andresen, de origem dinamarquesa pelo lado paterno, foi a segunda mulher a receber o mais importante galardão literário da língua portuguesa, o Prémio Camões, em 1999.

Em declarações àquela rádio, Miguel Sousa Tavares, outro dos filhos da escritora, disse que gostaria que a cerimónia decorresse simbolicamente no dia 25 de Abril, quando a Revolução dos Cravos faz 40 anos.

Contactada pela Lusa, Maria Andresen disse que a homenagem seria particularmente importante acontecer neste momento: «Ela esteve sempre ao lado das pessoas exploradas, e das lutas pelos direitos humanos. Numa altura destas em que se sacrifica tanto as pessoas é importante evocá-la».

A efeméride dos dez anos e a ideia da trasladação foi abordada num texto publicado em dezembro do ano passado no jornal Público, da autoria de José Manuel dos Santos, diretor cultural da Fundação EDP.

«Fui contactada por ele a pedir autorização da família para publicar o texto. É uma pessoa de quem gosto muito. Embora tenha havido algumas hesitações e objeções, não houve nenhuma recusa [na família], e seguiu», recordou, sobre a origem da iniciativa.

Maria Andresen comentou que a situação foi sentida com alguma estranheza, de início, pela família: «Parece que nos estão a tirar a mãe. Ela está a repousar num lugar privado, muito bonito».

«A minha mãe era uma pessoa muito simples. Ficamos sempre na dúvida se ela gostaria ou não. Mas a questão é nacional, e ultrapassa esse problema», comentou, sobre uma das figuras mais importantes da literatura portuguesa do século XX.

Maria Andresen disse que gostou sobretudo da evocação da intervenção cívica de Sophia de Mello Breyner, sublinhando que era importante não recordar só a obra literária.

«A minha mãe escreveu o mais belo poema que eu conheço sobre o 25 de Abril, que começa com «Esta é a madrugada que eu esperava»».

Disse ainda que a poetisa costumava dizer que «quem está atenta ao fenómeno, tem de estar atenta a todo o fenómeno. Quem vê a alegria também tem de ver o sofrimento. Nesse aspeto foi muito atenta e achava que era uma obrigação do poeta».

Sobre a data a escolher - o dia 25 de Abril ou o 02 de julho - Maria Andresen disse à Lusa que a família irá dar uma opinião, «mas é o parlamento que decide».

O espólio da autora do célebre conto «A Menina do Mar» foi entregue pela família à Biblioteca Nacional de Portugal em 2011.

Lusa
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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