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Cancro do ovário: pouco frequente mas com elevada mortalidade
Vacinação contra o cancro do colo do útero em Oeiras
Redação Lux em 31 de Maio de 2010 às 09:15
O cancro do ovário é um tumor pouco frequente quando comparado com os outros tumores genitais, por exemplo, o do colo do útero ou do endométrio, mas é aquele que é maior causa de mortalidade.

Isto porque, conforme nos explica Daniel Pereira da Silva director do Serviço de Ginecologia do IPO de Coimbra, «é um cancro extremamente agressivo, do qual não se conhece a história natural com exactidão e se desenvolve de uma forma muito explosiva. Ou seja, enquanto outros tumores passam por fases pré-cancerosas e se vão desenvolvendo ao longo do tempo, o do ovário não».

Segundo o último registo nacional que data de 2005 este tipo de tumor tem uma taxa de incidência na ordem dos 6,6 por 6000 mulheres. Apesar de poder surgir em qualquer idade, o cancro do ovário tem maior prevalência nas mulheres a partir dos 40/45 anos de idade e pós-menopausa.

Actualmente, não existe nenhum teste ou exame que permita servir de rastreio, prevenção ou mesmo de diagnóstico precoce. Assim, não existindo métodos de prevenção Daniel pereira da Silva aconselha um exame ginecológico anual, no qual não é obrigatório que se faça ecografia. Ninguém o recomenda em parte nenhuma do mundo.

Na opinião do especialista, «fazem-se muitas ecografias e as mulheres ficam com a falsa noção de que, se naquela ecografia estava tudo bem, está protegida contra um cancro do ovário e na realidade assim não acontece. Ela pode fazer uma ecografia hoje e estar tudo normal e três meses depois ter um cancro do ovário. É tudo muito rápido», explica.

Contudo, é recomendada uma vigilância mais apertada em famílias cuja incidência deste tumor, ou outros que lhe estão associados (mama, cólon...), seja elevada.

Isto porque, sublinha o ginecologista, «é sabido que havendo mutações de determinados genes que a probabilidade de aparecimento deste cancro é mais de 50 por cento. Nestas circunstâncias a mulher tem direito a saber e a decidir por si o que quer fazer. Ou seja, diminuir a probabilidade de vir a ter a doença, retirando antecipadamente os dois ovários, embora sofra as consequências de tomar essa medida, mas são decisões que devem ser ponderadas».

Se o diagnóstico for precoce e o tumor estiver num só ovário a probabilidade de cura é maior. «Infelizmente a maior parte dos casos que encontramos estão ambos os ovários atingidos e a situação já está disseminada com metástases», lamenta.

Acontece que os sintomas na fase precoce da doença são inespecíficos. Pode surgir desconforto abdominal, um certo mal-estar e dores que se confundem com problemas intestinais.

Na fase adiantada da doença há um aumento significativo do volume do abdómen e há mesmo a acumulação de líquido, sinais de mau prognóstico e de que o processo está a avançar com rapidez. Nessa altura a probabilidade de cura é muito menor.

Por isso, a taxa de sobrevida destas doentes depende muito da fase do diagnóstico. De uma forma geral e a nível internacional se o diagnóstico for precoce, a sobrevida aos 5 anos pode ultrapassar os 90 por cento. Mas na maior parte dos casos o diagnóstico é tardio e o estadiamento da doença é feito durante a cirurgia.

A cirurgia vai permitir saber em que fase está o tumor, isto é classificar. «Podem ser feitos vários exames (TAC, ecografia, etc.) que nos podem chamar a atenção para a existência do tumor mas nenhum tem a sensibilidade de nos garantir qual a fase da doença. O estadiamento é a arma fundamental para o sucesso do tratamento. Portanto, a cirurgia do ovário cumpre vários objectivos», diz.

Importante é também o especialista que realiza a cirurgia, pois segundo Daniel Pereira da Silva, «o objectivo é que consiga o tumor residual mínimo, e a probabilidade de isso acontecer é maior se o cirurgião estiver habituado a tratar estes casos».
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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