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Sarcomas de Tecidos Moles
A campanha alusiva às Doenças Raras continua por todo o país
Redação Lux em 10 de Junho de 2010 às 14:16
Sarcomas são tumores raros (cerca de 1 por cento dos cancros) com origem nos tecidos derivados da mesoderme, como a medula óssea e o sangue, os músculos, os ossos, as cartilagens, as membranas sinoviais, os nervos periféricos, artérias e veias, o tecido adiposo, e o tecido conjuntivo.

Dada a raridade destes tumores há, segundo os especialistas, uma necessidade imperiosa de experiência de quem trata e por isso todos os doentes deveriam ser tratados numa unidade nacional de referência.

Segundo Paulo Tavares, dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), «a unidade que existe de facto há mais de 30 anos e com mais experiência é a Unidade de Tumores do Aparelho Locomotor dos HUC», diz sublinhando, que todos os profissionais inseridos no núcleo duro de uma unidade de sarcomas (um quimioterapeuta, um radioterapeuta, um cirurgião ortopédico oncológico, um cirurgião torácico, um cirurgião geral, um radiologista de intervenção e um anatomo-patologista) devem ser experientes em sarcomas e trabalhar em grande proximidade e articulação.

Por se tratar de uma doença rara associada à grande variabilidade histológica é difícil a formação de grupos uniformes de doentes em quantidade significativa para se realizarem ensaios/estudos. Nessa medida conforme explica Paulo Tavares, «o apelo comercial à investigação e produção de novos fármacos é muito baixo. Ao contrário é fácil e rápido incluir um grande grupo de doentes em ensaios clínicos de outro tipo de cancros, com o da mama, do pulmão, do estômago e colo-rectais, do pâncreas, ou da pele, habitualmente referidos na comunicação social e queridos da investigação e da indústria farmacêutica».

O diagnóstico é feito na sequência da investigação de uma massa de crescimento mais ou menos rápido, de uma dor, de uma fractura patológica ou de um achado num exame de imagem feito com outra intenção. Envolve sempre uma avaliação clínica, Rx simples, TAC e/ou RMN e finalizado por uma biópsia que pode ser cirúrgica ou por agulha fina guiada por TAC ou ecografia.

Após o diagnóstico faz-se o estadiamento, ou seja, «a avaliação possível do grau de extensão regional e sistémica da doença, recorrendo também a exames de medicina nuclear. Sabemos contudo pelos controles históricos que muitos sarcomas mestastizam precocemente, e que mesmo que na altura do diagnóstico, as TAC não mostrem metástases macroscópicas, existem focos micrometastáticos, principalmente pulmonares que só a quimioterapia pode eliminar», conta.

Conforme explica Paulo Tavares, «os sarcomas dividem-se, com interesse para o tratamento, em alto e baixo grau de malignidade. Estes últimos, com muito baixo potencial metastático, tratam-se apenas com excisão cirúrgica adequada. Os sarcomas de alto grau de malignidade necessitam de uma abordagem multidisciplinar e de um tratamento complexo envolvendo quimioterapia, radioterapia e cirurgia».

«Na maior parte dos casos tudo corre bem e a articulação sensata e atempada entre as várias armas terapêuticas consegue atingir o objectivo: a cura total e definitiva», refere o especialista, acrescentando que há, no entanto, alguns casos em que tal não se consegue.

Em termos de terapêutica, estando a maior parte das plantas terrestres classificadas e estudadas, Paulo Tavares considera «natural o voltar das atenções para o mar, com toda uma nova fauna e flora, vivendo em condições radicalmente diferentes, de desenvolver químicos próprios e únicos».

No caso dos sarcomas está em utilização actualmente a trabectedina, medicamento de origem marinha cujo mecanismo de acção interfere no processo de ADN, que, na opinião do mesmo, «consegue ter actividade em doenças resistentes a todos os outros medicamentos conhecidos. Não actua em todos os doentes, não é uma cura universal, mas tem conseguido manter com boa qualidade de vida muitos doentes que de outra forma fariam parte das taxas de mortalidade».
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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