O cenógrafo e figurinista Lucien Donnat, 92 anos, que colaborou durante mais de 30 anos com o Teatro Nacional D. Maria II, faleceu no sábado, em Lisboa, disse à agência Lusa fonte ligada à família.
De acordo com o presidente da Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, António Lagarto, o cenógrafo estava internado há cerca de uma semana numa unidade hospitalar da capital, onde veio a falecer devido a problemas respiratórios e cardíacos.
O corpo irá a partir do final da tarde de domingo para o Convento dos Cardais, onde se realizará uma missa na segunda-feira, às 10:00, seguindo-se o funeral para o Cemitério do Alto de São João, onde será cremado.
Nascido em Paris, em 1920, Lucien Donnat frequentou o curso de Belas-Artes em França, foi cenógrafo, figurinista e decorador, dedicando-se também à escrita de letras e músicas para canções.
Em 1941, foi convidado por Amélia Rey Colaço a compor a música e desenhar cenário e figurinos para a peça infantil Maria Rita, da autoria da filha, a atriz Mariana Rey Monteiro, que iria ser apresentada no Teatro Nacional D. Maria II (TNDM).
Este foi o princípio de uma longa colaboração com o TNDM, com a companhia de teatro de Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro, até 1974, num trabalho que marcaria todo o teatro do século XX.
O ator Alberto Villar, amigo de Lucien Donnat desde meados da década de 1960 referiu-se ao cenógrafo como «exigente em termos profissionais, muito dinâmico e intelectualmente curioso».
«Muito cuidado com o espírito das peças e rigorosíssimo com o guarda-roupa, decoração e cenografia», disse à Lusa.
Entre as outras peças em que foi «notável» o trabalho de Donnat, Alberto Villar referiu «Sonho de uma noite de verão» e «Romeu e Julieta», ambas de Shakespeare, respetivamente levadas à cena em 1962 e 1961.
O TNDM homenageou Lucien Donnat na passada terça-feira, sem a presença do cenógrafo, pois encontrava-se já hospitalizado.
Nessa homenagem o TNDM referiu-se a Donnat como «um dos maiores desenhadores» da cena teatral portuguesa, «um prodígio de imaginação» e «bom gosto».
Além do trabalho no Teatro Nacional, colaborou com a companhia Os Comediantes de Lisboa e também no teatro de revista.
Muitos dos seus desenhos estão no acervo do Museu Nacional do Teatro, em Lisboa.
Como decorador, criou decorações para vários hotéis, como o Hotel Palácio do Estoril e o Hotel Avenida Palace.
Lusa