O papa aprovou hoje as beatificações de 63 católicos, na maioria vítimas da guerra civil espanhola, do nazismo e do comunismo, anunciou o Vaticano.
Pela primeira vez desde que é papa, Jorge Bergoglio autorizou a Congregação para a Causa dos Santos a promulgar os decretos que, no futuro, vão possibilitar as beatificações.
A análise da vida e morte virtuosas destes futuros benfeitores foi lançada anos antes da eleição de 13 de março.
Entre os futuros beatificados, conta-se Vladimir Ghika (1873-1854), príncipe romeno ortodoxo que se converteu ao catolicismo e trabalhou nomeadamente ao serviço da diplomacia de Pio XI, depois de vários anos passados em Paris.
Regressou à Roménia durante a Segunda Guerra Mundial para ajudar os refugiados polacos que fugiram da invasão nazi. Em 1952, foi detido pela polícia comunista.
O italiano Rolando Rivi (1931-1945) também vai ser beatificado. Foi morto por comunistas aos 14 anos, três anos depois de ter entrado no seminário.
O compatriota dominicano Giuseppe Girotti (1905-1945) foi morto no campo de concentração de Dachau (Alemanha). Em 1995, foi reconhecido como "Justo entre as nações" pela ação a favor dos judeus.
A maior parte dos mártires reconhecidos por Francisco foram mortos "por ódio à fé" na guerra civil de Espanha (1936-1939).
Francisco autorizou a próxima beatificação de Regina Christine Wilhelmine Bonzel (1830-1905), fundadora das Franciscanas da Adoração Perpétua, em Olpe (Alemanha), ao reconhecer um milagre atribuído à sua intervenção.
A 12 de maio, o papa argentino vai celebrar na basílica de São Pedro as primeiras canonizações do pontificado. Estas foram aprovadas a 11 de fevereiro por Bento XVI, por ocasião do consistório em que anunciou a resignação.
Os futuros santos são Antonio Primaldo e 800 companheiros mártires italianos, assassinados pelas forças otomanas em 1480, em Otrante, por não terem renegado a fé. Estas canonizações podem aumentar a tensão nas relações já difíceis entre Cristianismo e Islão.
Os outros são a colombiana Laura de Santa Catalina de Siena Montoya y Upegui e a mexicana Maria Guadalupe Garcia Zavala, duas religiosas fundadoras de ordens religiosas nos seus países.
O papa reconheceu também as "virtudes heroicas", primeiro passo para a santidade, do padre mexicano Mosè Lira Serafin, fundador da Congregação dos Missionários da Caridade de Maria Imaculada.
Francisco autorizou a Congregação para a Causa dos Santos a promulgar o decreto que reconhece as "virtudes heroicas" - o que implica que, a partir de agora, Mosè Lira Serafin, tenha o título de "venerável" -, na audiência concedida na quarta-feira ao prefeito da congregação, Angelo Amato.
Mosè Lira Serafin, sacerdote dos Missionários do Espírito Santo, nasceu em Tlatempa (México) a 16 de setembro de 1893 e morreu na Cidade do México a 25 de junho de 1950.
O caminho para a condição de santo tem três etapas: o primeiro é "venerável servo de Deus", o segundo "beato" e o terceiro "santo".
"Venerável servo de Deus" é o título atribuído a uma pessoa morta, à qual se reconhece ter vivido as virtudes de maneira heroica.
Para que um "venerável" seja beatificado é necessário o reconhecimento de um milagre por sua intercessão e para que seja canonizado ("santo") é necessário um segundo milagre. Esse segundo milagre deve ocorrer já depois de ter sido proclamado beato.
LUSA