A atriz Renée Zellweger surpreendeu os flashes dos fotógrafos de celebridades com um novo rosto. Apesar de atribuir as inegáveis mudanças a «uma vida mais feliz, mais completa e emocionante¿» o debate voltou à opinião pública: as plásticas são uma boa forma de combater o envelhecimento? Sendo o mais direta possível: não.

Para a Medicina Tradicional Chinesa (MTC), a cirurgia não só não é uma forma de combater o envelhecimento como pode ainda acelerá-lo. Chocados? O conhecimento milenar da MTC pode ajudar a compreender.

Segundo esta filosofia de saúde, para que o nosso organismo - o rosto incluído - possa manter a firmeza e brilho natural, é necessário que este seja nutrido, sendo para tal necessário que o sangue circule corretamente. Por sua vez, o sangue só pode cumprir a sua função vital de levar oxigénio e nutrientes se a energia, ou Qi, fluir sem bloqueios por todo o corpo.

Os cortes nos tecidos provocados pela maioria das cirurgias estéticas tornam-se barreiras que dificultam a correta circulação do sangue e da energia. Assim, nestas áreas dá-se a estagnação sanguínea e consequente desnutrição, assistindo-se à perda de vitalidade e força da pele e dos músculos. Tendo isto em conta, podemos afirmar que a cirurgia para rejuvenescimento facial acabará por piorar a qualidade de pele e diminuir a capacidade regenerativa deste órgão, potenciando o seu envelhecimento.

No entanto, o processo de envelhecimento é comum a todos os seres humanos, independentemente de terem ou não realizado cirurgias estéticas. Logo, impõe-se a questão: Porque envelhecemos?

Segundo a MTC, todos nascemos com uma determinada dose de energia vital, que irá alimentar-nos ao longo da vida. A quantidade de energia de cada um depende de fatores genéticos e da qualidade da gestação. O esgotar desta energia corresponde, exteriormente, ao envelhecimento.

Sendo este um processo natural, poderá ser, realmente, travado? A MTC vê o envelhecimento como correspondendo ao esvaziamento da energia do rim. Ainda que não possamos evitá-lo, podemos atenuá-lo, fazendo uma melhor gestão e economia da nossa energia vital, permitindo-nos viver mais e com melhor qualidade.

De um modo geral, favorecer a boa circulação energética e do sangue, sem bloqueios, evitando o stress físico ou psicológico, promovendo uma alimentação equilibrada com os ritmos naturais do organismo e nutricionalmente rica são algumas das ações que ajudam a manter a vitalidade e juventude.

De um ponto de vista mais ativo na prevenção do envelhecimento facial, podem ainda ser estimulados determinados pontos que favorecem o fluxo de energia no rosto, como o lóbulo da orelha. O recurso a terapias como a acupuntura ou a fitoterapia permitem favorecer a circulação energética que irá melhorar o aspeto da pele, sem recurso a cirurgias invasivas e que, a longo prazo, irião revelar-se contraproducentes.

Há ainda outro elemento essencial para evitar a flacidez: o exercício físico. Este desempenha um papel de destaque no que toca à manutenção de uma imagem jovem, pois só mantendo cada músculo, cada articulação em movimento, ainda que sem sobrecarregá-los, conseguimos manter a sua flexibilidade e o tónus. Na cultura tradicional chinesa há uma expressão que transmite esta ideia de forma simples: ¿As únicas portas que não enferrujam são as que estão sempre em movimento¿. Para ativar os músculos do rosto, além de sorrir, pode fazer algumas caretas que ajudarão a mantê-los em movimento.

Para a MTC, os cuidados estéticos começam no interior, com um equilíbrio energético e o fluxo adequado do Qi, com um estilo de vida e alimentar moderado e com a prática regular de exercício. Este equilíbrio interior irá traduzir-se no aspeto exterior, com resultados superiores e mais duradouros do que uma cirurgia, maquilhagem ou qualquer agente externo possa oferecer. Afinal, na cultura medicinal chinesa, a beleza veio, desde sempre, de dentro.

Autora: Wenqian Chen - Centro Terapias Chinesas