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Ricardo Araújo Pereira e Rui Zink levam humor à Escola Portuguesa de Macau
Ricardo Araújo Pereira Foto: Arquivo Lux
Redação Lux em 11 de Março de 2013 às 14:52
Os humoristas portugueses Ricardo Araújo Pereira e Rui Zink visitaram hoje a Escola Portuguesa de Macau, no âmbito do Festival Literário - Rota das Letras, para uma sessão marcada pelo humor em que revelaram os «segredos» de fazer rir e pensar.

Os dois foram recebidos com muitas palmas e entusiasmo pelas centenas de alunos e professores da Escola Portuguesa de Macau, que encheram um ginásio para ver, ouvir, rir e questionar os humoristas, cujo trabalho acompanham, a milhares de quilómetros de distância, através da televisão, da Internet e dos livros.

Outrora professor e aluno - já que Rui Zink deu aulas a Ricardo Araújo Pereira num curso de escrita criativa que este frequentou nos tempos de faculdade -, os dois humoristas reencontraram-se em ambiente escolar, desta vez como colegas de profissão, para explicar aos fãs mais pequenos o que os fez enveredar pela arte de fazer rir e o sucesso que alcançaram.

Ricardo Araújo Pereira explicou que «não há uma escola para se ser humorista» e que o seu processo criativo «é só trabalho», sendo a sua família e as situações a que assiste no dia-a-dia uma grande fonte de inspiração.

«Acho que faço isto por causa da minha avó, para quem a viuvez era o fim da vida e, sendo a pessoa mais importante da minha vida, a ideia de a fazer rir era uma coisa que levava muito a sério», disse.

O humorista não se considera um ator, salientando que «o facto de interpretar os [seus] textos em público é um acidente" e que "natural é estar em casa a escrever».

«Mas faço o que faço porque me pagam e gosto de ver o efeito disso nas outras pessoas», acrescentou.

Para Rui Zink, que deverá lançar no fim do ano uma nova novela, «existe essa coisa da inspiração, mas que não é controlada», tendo a escola um papel importante «para disciplinar, controlar e ensinar, porque a imaginação sem controlo é como pôr plutónio nas mãos de uma criança norte-coreana», parodiou.

Zink considera que um humorista trabalha para «atingir aquele momento em que não se nota a diferença entre a espontaneidade e o trabalho» e que a «imaginação é olhar para o que está à nossa frente e dar-lhe uma volta».

Alguns dos alunos portugueses, macaenses, brasileiros e chineses que frequentam a Escola Portuguesa de Macau questionaram Ricardo Araújo Pereira sobre a origem de personagens do Gato Fedorento, nomeadamente da ovelha no «Rap dos Matarruanos».

O professor Zink atreveu-se a adivinhar que o filme «Everything you always wanted to know about sex but were afraid to ask», de Woody Allen, em que também surge uma ovelha, tenha servido de base a essa ideia, sublinhando que os humoristas «bebem inspiração à sua vida, mas também aos poemas, aos filmes, aos livros que leem».

Questionado sobre se um humorista consegue ser credível, Ricardo Araújo Pereira constatou que «em vários pontos do mundo estão a ser eleitos comediantes» para cargos políticos e que «um voto num humorista é como se fosse um protesto, votando-se na total abjeção».

«Não tenho nenhuma ambição de ter uma vida política, não aceito ser despromovido a primeiro-ministro», brincou.

No final, muitos alunos dirigiram-se ao humorista, pedindo-lhe autógrafos e fotografias.

LUSA
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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