José Maria Martins, um dos advogados de Carlos Silvino, acusou Carlos Cruz de «perturbar a ordem e a tranquilidade públicas».
«Qualquer outro arguido que não teve os apoios que Carlos Cruz tem já estava preso», afirmou, acrescentando que «uma coisa é a liberdade de expressão, outra coisa é este show».
Nas palavras de José Maria Martins, proferidas aos jornalistas ao chegar ao Campus de Justiça de Lisboa, Carlos Cruz «não é uma estrelinha no país, parece que é uma Virgem Maria que chega aqui».
O advogado sublinhou que se está «a falar de coisas muito graves» e mostrou satisfação pela indicação de que «todos os arguidos são culpados».
Sobre a possibilidade de recurso, limitou-se a responder: «Não sei ainda a decisão».
O coletivo dos juízes do caso Casa Pia, na leitura do acórdão do julgamento, já deu como provados factos criminais relativos a todos os sete arguidos.
Na leitura dos factos provados, os juízes enfatizaram por diversas vezes que os arguidos agiram sabendo que estavam a violar a lei, conscientes de que estavam a prejudicar o desenvolvimento físico, psicológico e da personalidade das vítimas, cujas idades as impediam de «decidir livremente e em consciência».
Justificando o atraso da chegada ao julgamento, José Maria Martins afirmou que tem «confiança» no colega de equipa Ramiro Miguel e disse apenas: «Tinha outras coisas para fazer».
O julgamento do processo de abusos sexuais na Casa Pia chega hoje ao fim com a leitura do acórdão final, quase seis anos depois de ter começado.
O coletivo de juízes presidido por Ana Peres, coadjuvada por Lopes Barata e Ester Santos, está a proferir a decisão sobre a inocência ou culpa dos sete arguidos, acusados de crimes de abuso sexual, ato sexual com adolescente e lenocínio, entre outros.
A sessão foi interrompida para almoço, devendo ser retomada às 14:30.
Em tribunal respondem os arguidos Carlos Silvino, ex-motorista da Casa Pia, o ex-provedor da instituição Manuel Abrantes, o médico João Ferreira Diniz, o advogado Hugo Marçal, o apresentador de televisão Carlos Cruz, o embaixador Jorge Ritto e Gertrudes Nunes, dona de uma casa em Elvas onde alegadamente ocorreram abusos sexuais.