PUB
PUB
Nacional
Renato Seabra disse ter tentado o suicídio «para se salvar»
Renato Seabra
Redação Lux em 17 de Outubro de 2012 às 20:06
Renato Seabra disse à polícia de Nova Iorque ter tentado o suicídio, depois do homicídio de Carlos Castro, "para se salvar", revelou hoje em tribunal o detetive Michael de Almeida.

O detetive luso-descendente, que serviu de tradutor e intérprete ao detetive Richard Tirelli durante a confissão de Seabra na ala psiquiátrica do Hospital Bellevue, a 08 de janeiro de 2011, um dia após o crime, confirmou, em tribunal, que incluiu nas suas notas a declaração sobre a tentativa de suicídio.

Contudo, esta e outras declarações de Seabra foram excluídas da versão final da confissão, que já foi lida aos jurados em tribunal.

Seabra, confirmou Tirelli na terça-feira quando questionado pelo advogado de Defesa David Touger, deu o seu acordo à fiabilidade das notas tiradas pelo detetive, mas não à versão final da confissão.

A declaração deverá vir a ser explorada pela defesa que, escudando-se em relatórios psiquiátricos, afirma que, na altura do crime, o jovem "estava em pensamento delirante, num episódio maníaco e desordem bipolar com caraterísticas psicóticas graves" e, como tal, não deve ser considerado culpado.

A defesa argumenta que foi a doença mental a levar ao crime, após o qual o jovem se passeou pelas ruas da cidade num estado de alucinação, tocando nas pessoas.

A acusação sustenta que foi "raiva, desilusão e frustração" a levar Renato Seabra a matar o colunista social, num processo diretamente ligado ao fim da relação.

Também não incluída na versão final foi a declaração de que, durante o crime, o jovem "saltou várias vezes sobre a cara" da vítima, confirmou Almeida.

Na tentativa de suicídio, Seabra terá usado um copo de vinho partido para cortar os pulsos.

A procuradoria divulgou entretanto imagens do jovem no primeiro hospital a que acorreu depois do crime, Saint Lukes, que o mostram a ser empurrado por um enfermeiro numa cadeira de rodas, com ambos os pulsos ligados.

No final da confissão de 08 de janeiro, Seabra disse aos detetives que se sentia aliviado por ter falado à Polícia e que tinha "feito do mundo um lugar melhor".

Terça-feira, o detetive Richard Tirelli afirmou em tribunal que o jovem "é um homem bastante doentio".

Numa agitada sessão do julgamento, o advogado de defesa questionou a fiabilidade da confissão extraída pela polícia, afirmando mesmo perante os jurados que Tirelli, que "não queria realmente saber por que razão [Seabra] cometeu o crime", apenas obter uma confissão.

Os jurados do julgamento, que já tinham sido confrontados com imagens violentas da cena do crime, ouviram hoje, da médica legista Michelle Sloan, os detalhes sobre a morte de Carlos Castro, por "impacto brusco na cabeça e compressão do pescoço".

A especialista relatou ainda que a hora de morte de Castro terá rondado as 17:30 do dia 07 de janeiro de 2011, o que significa que a vítima estava viva, mas inconsciente, durante as agressões violentas na cabeça e mutilação dos órgãos genitais de que foi alvo.

Sentado ao lado do seu advogado e escutando através de auriculares a tradução em português, Renato Seabra escutou as repostas da especialista à procuradora Maxine Rosenthal sempre impassível, por vezes desviando o olhar dos ecrãs onde eram projetadas as fotografias tiradas pela medicina legal.

Poucas filas atrás do jovem, acusado de homicídio em segundo grau, estava a sua mãe, Odília Pereirinha, acompanhada de uma amiga que serve de intérprete.

Perante as imagens mais violentas mostradas até agora no julgamento - da cara desfigurada e ensanguentada da vítima e de pormenores de partes mutiladas -, Amélia Castro, irmã de Carlos Castro, não conteve as lágrimas e teve de sair várias vezes da sala de tribunal.

Uma prima e uma ex-colaboradora de Castro, que acompanham a idosa, também mostraram desconforto perante a violência patente nas fotografias projetadas.

LUSA
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
Comentários

PUB
pub
PUB
Outros títulos desta secção