O apresentador televisivo Carlos Cruz voltou, esta segunda-feira, atrás no acordo celebrado com jornalistas da TVI que o acusaram de difamação, retirando o pedido de desculpas que nega ter sido «obrigado» a aceitar para o caso não ser julgado.
No passado dia 05, data marcada para o julgamento de Cruz pela acusação de difamação por quatro jornalistas da TVI devido a afirmações que fez no seu livro sobre o processo Casa Pia, em que é arguido, o apresentador afirma ter sido «abordado» pelo advogado dos queixosos com uma proposta de acordo.
Nesse dia, notícias divulgadas na imprensa indicaram que Cruz teria sido «obrigado» a pedir desculpa aos jornalistas e a pagar indemnizações no valor total de 21 mil euros, quando os pedidos de indemnização iniciais ascendiam a 400 mil euros, sem referir que a proposta de acordo partiu do advogado que representa os queixosos.
Foi por isso que Carlos Cruz enviou ao tribunal uma declaração retirando o pedido de desculpas e insistindo em que o julgamento prossiga.
«Não fui obrigado a aceitar acordo nenhum. A proposta de acordo não é minha, foi feita pelo advogado da TVI, antes de o meu advogado chegar», disse Carlos Cruz, afirmando que «anuiu» a essa proposta que julgava ter-lhe sido feita «na maior das boas fés» para admitir que «tinha exagerado na adjectivação» usada para falar dos jornalistas no livro «Preso 374».
Segundo Carlos Cruz, as notícias sobre o acordo «desvirtuam» o que se passou: «As pessoas ficam com a ideia de que eu é que cheguei ao tribunal, num processo que dura há cinco anos e à última hora disse "vamos lá fazer um acordo"».
«É mentira, eu não pedi acordo nenhum. Quero ser julgado. Peço, desafio e exorto Manuela Moura Guedes e Alexandra Borges [jornalistas da TVI que não compareceram na sessão de julgamento] a não ratificarem o acordo, que é a forma técnico-jurídica de o processo se manter em aberto e irmos para julgamento», frisou.
«Vamos para julgamento mesmo que eu seja condenado. É pela minha dignidade que eu tomo esta atitude, porque a minha dignidade não esteve, não está nem nunca estará à venda», afirmou.
Para Carlos Cruz, a proposta de acordo surgiu porque a queixa de difamação se referiu exclusivamente a si, quando «devia ter demandado também a editora» [de «Preso 374»] e a lei «diz que não fazendo queixa contra um co-acusado, a queixa contra o outro também cai».
Assim, para o apresentador e o seu advogado, apesar de a queixa ter ido a julgamento, os queixosos receariam perder a causa em fase de recurso por causa de um «clamoroso erro técnico-jurídico».
Carlos Cruz afirmou ter aceitado a proposta de acordo na passada sexta feira por achar que era «tacticamente oportuno», para evitar o «incómodo e o desconforto» de reviver situações «do passado» com os queixosos.
O seu advogado tê-lo-á aconselhado a aceitar o acordo por ser «preferível a ter de voltar a ouvir esta gente».
No pedido de desculpas que ficou consignado na ata da sessão de dia 05, Cruz admitia ter exagerado na «adjectivação» empregue em relação a alguns jornalistas, que «peca pela dureza».
O livro, justifica, foi escrito em «condições emocionais muito fortes», depois de «15 meses de silêncio imposto pelo Ministério da Justiça» durante a altura em que esteve preso preventivamente devido ao caso em que é acusado de abusos sexuais por alunos da Casa Pia.
A Lusa tentou contactar as duas jornalistas da TVI, mas não obteve resposta em tempo útil.