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Nacional
Nuno Santos: «O "resumo do inquérito" contém graves falsidades e lamentáveis juízos de valor»
Lua Vermelha (Lux)
Redação Lux em 29 de Novembro de 2012 às 17:39
Em comunicado divulgado esta quinta-feira (28), Nuno Santos, diz que o «resumo inquérito contém graves falsidades e lamentáveis juízos de valor».

«(...)entendo que o mesmo - não refletindo a verdade dos factos - é já um convite às conclusões à medida que, pelos vistos, resultaram do auto-denominado «inquérito». Não conheço o relatório final nem a prova que terá sido produzida e, preparado que estou para todas as surpresas, entendo que a esses elementos me deve ser dado acesso para que me possa defender.

O «resumo» que foi divulgado é-me pessoalmente dirigido, o que é tanto mais estranho quanto me foi transmitido telefonicamente ao final do dia de sexta-feira 23 e posteriormente reiterado por escrito a meu pedido, que não havia necessidade de me ouvir no «inquérito», pois teriam sido recolhidos todos os elementos relevantes para o apuramento dito «rigoroso» dos factos. E que factos eram? A resposta foi lapidar: «Esses que andam aí nos jornais». Se fui ouvido, e por insistência minha, fiquei com a consciência plena de que o meu depoimento de nada poderia servir, como veio a verificar-se. Um desfecho incompreensível!

Considerando que:

a. O «resumo do inquérito» contem graves falsidades e lamentáveis juízos de valor;

b. Não autorizei em momento algum, e quero deixar isso bem claro, o visionamento de ¿brutos¿ sobre os incidentes de 14 de novembro;

c. A não saída dos DVDs, cuja transcrição fora feita sem meu conhecimento, deveu-se à minha intervenção e à do Diretor Adjunto de Informação;

d. Ausente em Londres, pedi a seguir um contacto pessoal com o Diretor Geral para discutirmos o assunto, tendo o mesmo sido concretizado no dia útil seguinte;

e. Os meus comportamentos acima referidos não se coadunam com qualquer actuação desleal ou desconforme às regras;

f. Ainda meses antes tinha eu recusado ao Provedor do Espectador, conforme é do conhecimento da Redacção, acesso aos designados ¿brutos¿ numa reportagem sensível sobre a utilização de crianças da Casa Pia em experiências científicas, tendo ficado bem claro o meu pensamento sobre o tema;

g. Como se explicaria que, de repente, tivesse mudado tão radicalmente a minha posição de fundo sobre esta matéria?

h. Há semelhanças flagrantes entre os tópicos do ¿resumo¿ agora dado a público e aqueles que me foram referidos, antes da abertura do ¿inquérito¿, pelo Presidente do Conselho de Administração. Aliás, a declaração deste órgão a anunciar a minha demissão contém já estas conclusões, antes do ¿inquérito¿.

i. Os inquiridores da RTP dependem do Conselho de Administração, o que torna evidente a necessidade de uma entidade imparcial apurar a verdade.

Só posso concluir o seguinte:

1. O resultado do ¿inquérito¿ estava à partida condicionado;

2. Todo este caso se afigura um pretexto para obter e, depois, justificar o meu afastamento;

3. Não compreendo que se manche a reputação de profissionais, e por arrastamento se coloque potencialmente em perigo a integridade física de repórteres da RTP que cubram as próximas manifestações, só com o objetivo de arranjar esse pretexto.

Durante os últimos vinte meses foi possível trabalhar na Informação da RTP com inteira liberdade e total independência perante todos os poderes e forças políticas, o que só pode ter causado incómodos. Trabalhar com inteira liberdade e total independência não é um detalhe desprezível nestes tempos incertos para o jornalismo e no clima que se vive na empresa e no país.

Termino reiterando a absoluta necessidade de um inquérito a conduzir por entidade imparcial (...)
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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