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Primeiros editores de Nemésio mantêm memória «muito viva» do escritor
Vitorino Nemésio DR
Redação Lux em 16 de Fevereiro de 2014 às 15:32
A família de livreiros e tipógrafos da ilha Terceira que editou os primeiros livros de Vitorino Nemésio guarda ainda os exemplares dessas obras e mantém «muito viva» a memória do escritor 36 anos após a sua morte.

«Vitorino Nemésio é uma referência na ilha Terceira e penso que em todo o lado. Aqui continua muito vivo», afirmou à Lusa Luís Filipe Andrade, bisneto de Manuel Joaquim de Andrade, proprietário da primeira livraria e tipografia terceirense, que publicou os três primeiros livros de Nemésio, antes da fama.

O escritor e intelectual açoriano, autor de uma vasta obra literária, de que faz parte o emblemático «Mau Tempo no Canal», nasceu na ilha Terceira e morreu a 20 de fevereiro de 1978 em Lisboa, aos 76 anos.

Luís Filipe Andrade disse recordar-se de ouvir os seus antepassados contarem que Vitorino Nemésio, ainda muito jovem, era «frequentador quase diário da livraria» do bisavô, pedindo-lhe para ler os livros que lá existiam e mostrando-lhe o que ia escrevendo.

Por perceber «o jeito» de Nemésio para «os escritos», o bisavô de Luís Filipe Andrade lançou-lhe um convite para publicar, tendo acabado por editar «os três primeiros livros, daquele que viria a ser uma dos grandes escritores portugueses de sempre».

«Esses três primeiros livros são brochuras muito pequenas, com meia dúzia de páginas. Parecia um caderno de escola quase, muito rudimentar, mas que já tinha um escrito muito engraçado do Vitorino. O meu bisavô quando apostou e perguntou se ele queria publicar percebeu que ele tinha mesmo jeito para a questão», disse Luís Filipe Andrade, que ainda tem em sua posse esses três primeiros exemplares.

«Canto Matinal» é o título do primeiro livro de Nemésio, e segundo Luís Filipe Andrade contém «alguns poemas», tendo mais tarde, já no continente, publicado outras obras de poesia, ficção, ensaio, críticas e crónicas.

Em 1934, Vitorino Nemésio doutorou-se em Letras pela Universidade de Lisboa, com a tese «A Mocidade de Herculano até à Volta do Exílio», tendo dez anos mais tarde (1944) publicado o romance «Mau Tempo no Canal».

«Quando ele lançou o 'Mau Tempo no Canal' enviou ao meu bisavô uma edição, feita lá fora, autografada por ele e escrito com pequenas frases», referiu Luís Filipe Andrade, acrescentando que a amizade de Nemésio à sua família «manteve-se sempre» e «quando voltava à Terceira fazia questão de fazer uma visita».

Devido ao sismo de 1980, que destruiu o centro da cidade de Angra do Heroísmo, muitas das obras e documentos da livraria e tipografia da família Andrade perderam-se.

Em 1932 Vitorino Nemésio definiu o conceito de «Açorianidade» e, desde então, foi amplamente divulgado em contextos bem diferenciados, desde estudos de âmbito literário a intervenções de ordem política.

Em 1994 foi inaugurado um busto do escritor, da autoria do escultor Álvaro Raposo França e, em 2007, abriu, na casa onde nasceu Nemésio, na Praia da Vitória, um Centro de Estudos e Museológico, sobre a sua vida e obra, onde se poder observar vários pertences nemesianos e a obra completa do escritor.

Em abril de 2009 foi inaugurada a obra de recuperação da designada «Casa das Tias», na Praia da Vitória, ilha Terceira, local onde Vitorino Nemésio passou parte da sua infância e juventude e que alberga agora a biblioteca municipal.

Lusa
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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