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Saúde: Cerca de 40% das portuguesas sofre de Incontinência Urinária
Drª Rosa Zulmira Foto: DR
Redação Lux em 2 de Abril de 2016 às 15:19

Estima-se que cerca de 40 % das mulheres portuguesas sofrem ou irão sofrer de Incontinência Urinária (IU). Como a população está a envelhecer provavelmente esta percentagem também irá aumentar. As mulheres em maior risco são as mulheres em fase ativa da sua vida, portanto entre os 45 e os 65 anos.

Mais de 60 milhões de pessoas, em todo o mundo, sofrem de incontinência urinária. Estudos realizados na população portuguesa apontam para a existência de 600 mil incontinentes nos diferentes segmentos etários. Pensa-se que apenas 10% da população procura ajuda para este problema.

Existem dois tipos de Incontinência Urinária mais frequentes. A IU de Esforço, que ocorre em circunstâncias de algum tipo de esforço, como tossir, espirrar, correr, saltar, rir, levantar pesos e a Incontinência Urinária de Urgência ou por Imperiosidade que resulta da vontade súbita, inadiável e muitas vezes incontrolável de urinar. Podemos ter, na mesma doente, sintomas comuns aos dois tipos de IU acima referidos e assim descrevemos este tipo de IU como IU Mista. Particularmente o quadro de Urgência ou Imperiosidade pode atingir proporções dramáticas na medida em que condiciona a vida das doentes vivem em função de uma casa de banho por perto

Embora a Incontinência Urinária de Esforço possa ser mais prevalente nas mulheres que tiveram partos vaginais, a própria gravidez, por alterações hormonais e pela ação do útero gravídico sobre os mecanismos de suporte da bexiga, pode ser responsável pelo aparecimento desse tipo de patologia. No entanto convém saber que a Cesariana está associada a outro tipo de Incontinência Urinária – a de Urgência. Estando também relacionada com outros sintomas inerentes às alterações da enervação da bexiga, que sofreu danos durante a cirurgia – noctúria (acordar com vontade de urinar várias vezes por noite), que tem efeitos muito prejudiciais na qualidade do sono destas mulheres e no descanso necessário para um dia de trabalho, aumento da frequência urinária (necessidade de ir mais do que 8 vezes por dia à casa de banho), o que pode prejudicar o relacionamento em determinados postos laborais.

Outros fatores que podem contribuir para o aparecimento desta patologia são: a obesidade, a tosse crónica, carregar pesos, prisão de ventre, menopausa, prévia histerectomia (remoção cirúrgica do útero) e fatores genéticos inerentes

A incontinência urinária, quando não tratada, pode ser fator de isolamento, de baixa autoestima que em último caso leva a síndromes depressivos. E se vemos que nos estratos mais jovens e nas mulheres trabalhadoras existe um maior à vontade para referirem o seu problema ao seu médico, ainda existem muitas – a grande parte - que esconde ou que vive sozinha o problema porque o considera inevitável, tendo com exemplo as mulheres da família de gerações anteriores, que também se queixavam do mesmo problema. Aceitam como natural e dependente do envelhecimento, o que não é. São mulheres que deixam de conviver até com a própria família, de executar as suas tarefas diárias, que deixam de participar nos eventos sociais ou familiares, por medo de perderem urina e mesmo com dispositivos de contenção (pensos) cheirarem mal. Não podemos também ignorar o facto de este problema poder interferir com o relacionamento do casal. Concluindo, é um problema que pode afetar os aspetos sociais, afetivos, laborais e económicos da mulher com este problema

O tratamento cirúrgico está reservado para as mulheres com IU de Esforço ou com IU Mista com componente de esforço mais exuberante. O tratamento cirúrgico mais utilizado na incontinência de esforço consiste na colocação de pequenas redes, de material sintético, sob a uretra. Estas são colocadas por via vaginal, através de uma pequena incisão com cerca de um centímetro. Trata-se de uma cirurgia minimamente invasiva, que demora em média de 10 a 20 minutos, com rápido regresso à vida profissional e com taxas de sucesso superiores a 90 %. Quando efetuada em ambulatório pode ser ainda menos invasiva com a mais-valia da mulher entrar e sair do hospital no mesmo dia, já com a sua situação resolvida, sem baixarmos as taxas de sucesso. Claro que nem toda a mulher é elegível para tratamento da IU em ambulatório. Estas doentes precisam de ser muito bem selecionadas para o êxito do procedimento e a minimização dos riscos.

Artigo de opinião de Drª Rosa Zulmira

Ginecologista, interlocutora de Cirurgia de Ambulatório na área da Ginecologia do Centro Integrado de Cirurgia de Ambulatório do Centro Hospitalar do Porto (CICA/CMIN/CHP) e Presidente da Secção de Ginecologia da Associação Portuguesa de Cirurgia de Ambulatório (APCA) e de Drª Bercina Candoso, Ginecologista no Centro Materno Infantil do Norte/Centro Hospitalar do Porto (CMIN/CHP), responsável pelo sector da Uro-Ginecologia.

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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