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Sida: sociedade portuguesa nega a doença
Sida (arquivo)
Redação Lux  com Lusa em 4 de Março de 2010 às 09:34
A presidente da Liga Portuguesa contra a Sida alerta que há uma negação da doença na sociedade portuguesa, onde a Sida afecta cada vez mais mulheres e idosos, e destaca a importância de lutar por uma mudança de mentalidades.

«Acho que há uma negação da doença quando não se fala nela. E é preciso continuar a falar nela porque continua a estar entre todos nós, de uma forma bastante preocupante», explicou Maria Eugénia Saraiva, em declarações à Lusa a propósito da inauguração hoje da exposição «20 contra a Sida», que assinala os 20 anos de existência da Liga.

O número de doentes infectados continua a subir, ao mesmo tempo que continua a existir uma «despreocupação» de muitos face à doença, acrescentou.

Com base em dados do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Maria Eugénia Saraiva apontou que em Portugal estão notificados 36 mil casos de infecção com o HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana, em português), mas salvaguardou que esse número pode ser largamente superior.

«36 mil são os que estão notificados, mas o que se estima é que seja o dobro porque as pessoas só sabem se estão infectadas quando vão fazer o teste», explicou.

Se há 20 anos, quando a Liga apareceu, a doença estava directamente ligada aos homossexuais e aos toxicodependentes, hoje é cada vez mais «democrática», porque «continua a afectar tudo e todos» e aparece mais entre as mulheres e os mais idosos.

Em relação à população mais idosa, Maria Eugénia Saraiva diz que há duas razões que podem explicar essa evolução.

«Há hoje, graças aos medicamentos antirretrovirais, uma esperança de vida muito maior e temos pessoas com 50 ou 60 anos que estão infectadas há já algum tempo».

«A outra perspectiva é termos pessoas que dizem que isto só acontece aos mais novos, que o uso do preservativo é para os mais novos e aí as pessoas descuidam-se e sujeitam-se a comportamentos de risco», acrescentou.

Já no que diz respeito às mulheres, explicou que é uma população mais «vulnerável» ao vírus e que a prostituição ou a violência doméstica podem explicar esse aumento.

Maria Eugénia Saraiva defende a prevenção e a educação sexual nas escolas e no seio das famílias para que seja possível mudar mentalidades.

«Quando perguntamos aos jovens se sabem quais são as formas de prevenção da Sida, dizem que sim. Quando perguntamos se conhecem as formas de transmissão do vírus, dizem que sim. Mas quando perguntamos se usam preservativo dizem que não, que se esqueceram. Não está na nossa mentalidade esse uso do preservativo para prevenirmos da doença», afirmou.

Maria Eugénia Saraiva entende que é nas campanhas de sensibilização e de prevenção que o trabalho da Liga se deve centrar, defendendo acções junto de todas as populações específicas (mulheres, jovens ou idosos).

Para lembrar que esta doença «pode chegar a tudo e a todos», a Liga Portuguesa contra a Sida inaugura hoje uma exposição de arte, ideia do ceramista Jaime Lopez, que quis assinalar os 20 anos da Liga reunindo 20 artistas.

Cinquenta por cento da venda de cada peça da exposição reverte para a Liga, tendo todos os artistas aceitado que o valor de uma das suas obras vá na totalidade para esta entidade.
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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