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Se fuma, coma bróculos!
Tabaco
Redação Lux  com Humberto Barbosa em 28 de Março de 2013 às 18:18
Há muito que a crença popular associou o formato de alguns tipos de alimentos aos benefícios para algumas partes do nosso corpo cujo aspeto é parecido com o do alimento. Por exemplo, a metade de uma noz parece um pequeno cérebro, uma rodela de cenoura parece um olho, um feijão parece um rim, e um brócolo cortado ao meio fica com a aparência de um pulmão. A ciência veio comprovar estas crenças, e hoje sabe-se que a cenoura tem compostos benéficos para a visão, a noz faz bem ao cérebro, etc. Agora, sabemos também que os brócolos fazem bem aos pulmões. Na verdade, isto acontece com todos os vegetais crucíferos, como a couve-flor (que em corte transversal também recorda um pulmão) e as couves-de-Bruxelas, mas os brócolos são os reis das crucíferas.

O grande responsável por estas propriedades benéficas é o sulfurafano, um composto que ajuda o sistema imunitário a eliminar dos pulmões as bactérias prejudiciais. O que acontece no nosso corpo, para os pulmões funcionarem corretamente, é que as células brancas do sangue, chamadas «macrófagos», removem os detritos e as bactérias que se acumulam nos pulmões e provocam infeções. Este sistema de limpeza é deficiente em pessoas que sofrem de doença

pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), que é uma combinação de enfisema com bronquite, e em fumadores. Estes dois grupos sofrem infeções pulmonares frequentes.

Investigações recentes descobriram que há um trajeto químico nos pulmões, o NRF2, envolvido na ativação dos macrófagos, que é eliminado devido ao tabaco. Uma diminuição nos pulmões da concentração de antioxidantes dependentes do NRF2, compostos imprescindíveis do sistema de defesa contra lesões infl amatórias pulmonares, está relacionada com a severidade da doença nos fumadores. Quando o sulfurafano (produzido pelos brócolos, pela couve-flor e por outras crucíferas) é danifi cado pela mastigação ou trituração, pode restaurar este trajeto do NRF2.

O investigador Shyam Biswal, da Universidade Johns Hopkins (Baltimore, Estados Unidos) e os seus colegas de pesquisa expuseram macrófagos defeituosos dos pulmões de 43 pessoas com DPOC a duas estirpes de bactérias que provocam vulgarmente infeções associadas a esta doença pulmonar obstrutiva. Na presença do sulfurafano, o trajeto do NRF2 foi estimulado, a sua degradação foi impedida e restaurou-se a capacidade dos macrófagos para reconhecerem e eliminarem as bactérias.

Testes sobre a exposição ao fumo do tabaco, feitos com ratinhos de laboratório, revelaram que o cigarro aumentou a colonização dos pulmões por bactérias e que, com o tratamento com sulfurafano, a limpeza destas bactérias não só aumentava, pela ativação de mais macrófagos, como era aparente uma melhoria de funcionamento dos macrófagos já existentes.

O sulfurafano é transformado no seu composto ativo através das enzimas presentes na saliva e nas bactérias intestinais. Como estas enzimas variam de pessoa para pessoa, a dose de sulfurafano obtida individualmente também é variável, pelo que é necessário aprofundar a investigação. Estudos científicos já tinham estabelecido que o consumo regular de vegetais crucíferos crus, como brócolos, couve, couve-flor e couve-de-Bruxelas, contribuía para a prevenção e o atraso do cancro do pulmão em fumadores.
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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