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Azia e indigestão na gravidez
Dr. Teresa Laginha, Especialista em Medicina Geral e Familiar Foto: Divulgação
Redação Lux em 13 de Julho de 2015 às 15:04
Azia e indigestão na gravidez  - Artigo escrito pela Dr. Teresa Laginha, Especialista em Medicina Geral e Familiar
 
Antes de mais é importante começarmos por esclarecer os conceitos de azia e indigestão. Estes dois sintomas são distúrbios funcionais do aparelho digestivo. Durante a gravidez, o refluxo, a azia e a indigestão estão associados às alterações hormonais, características deste período, e à pressão que o bebé exerce sobre o estômago. A indigestão, ou dispepsia, caracteriza-se pela dificuldade do organismo em digerir os alimentos, provocando um desequilíbrio entre os sucos e o muco gástrico. O sintoma de indigestão provoca uma sensação de peso e dor na parte superior do abdómen, conhecida vulgarmente por mal-estar abdominal. A acumulação de ácidos e de gases que originam a dor e desconforto típico depois da refeição, resulta da produção excessiva de ácido gástrico que afeta o equilíbrio natural do estômago.

A azia, ou pirose, é caracterizada pela subida do ácido do estômago até ao interior do esófago, causando uma sensação de ardor na garganta e no estômago. O esfíncter, o músculo em forma de anel localizado na extremidade superior do estômago, é o responsável por proteger o esófago da ação do ácido gástrico, funcionando como uma válvula de uma via que abre para permitir a passagem de comida e que fecha para impedir as fugas de ácido gástrico. O enfraquecimento do esfíncter pode provocar a regurgitação dos ácidos do estômago até ao esófago, causando uma irritação dos tecidos sensíveis do esófago como consequência da digestão, ainda que parcial, do ácido gástrico, originando uma sensação de ardor.

Durante a gravidez o aumento da progesterona provoca o relaxamento dos músculos, incluindo o esfíncter, levando ao aumento do número de episódios de azia e indigestão. Para além do aumento da progesterona, nas últimas fases da gravidez os sintomas de azia e indigestão podem agravar-se graças à pressão que o bebé exerce sobre o sistema digestivo da mãe, facilitando a passagem do ácido gástrico para o esófago.

Os sinais de azia e indigestão durante a gestação são idênticos aos de qualquer outra pessoa, sendo alguns dos sintomas mais comuns a sensação de ardor no estômago e no esófago, a má disposição, o desconforto e a sensação de peso, gosto ácido, amargo ou azedo na boca, aumento da salivação, náuseas, vómitos, entre outros. As mulheres que já sofriam de azia e indigestão antes da gravidez têm uma maior probabilidade de ocorrência destes sintomas durante a gestação, sendo depois da refeição a altura em que se verifica um maior desconforto.
Apesar de existirem algumas dúvidas relativamente à origem da azia e da indigestão, existem comportamentos que potencializam o seu aparecimento e que devem ser evitados sendo a alimentação inadequada a principal causa.
 
 O problema da azia e indisposição pode ser, em alguns casos, controlado. Mas, mais importante do que controlar o problema é aprender como preveni-lo. Eis algumas dicas:

- Evitar os alimentos causadores dos sintomas (fritos, as gorduras e alimentos muito condimentados. Refrigerantes com gás, o café, o chá e o chocolate também podem provocar azia por isso são de evitar).
- Comer devagar e em poucas quantidades, mastigar bem os alimentos e fazer várias refeições ao longo do dia;
- Evitar fazer exercício depois de ingerir alimentos;
- Limitar a ingestão de álcool e, acima de tudo, o tabaco;
- O cansaço e o stress emocional são também fatores responsáveis pelo aumento dos casos de indigestão, sendo aconselhada a realização de terapias de relaxamento e meditação que ajudem a controlar o problema;
- Não comer antes de ir para a cama. 3 horas antes de ir dormir evitar comer pois ao estar deitada os ácidos estomacais são mais fáceis de subir;
 - Dormir com uma ou várias almofadas altas, de forma a elevar o corpo mantendo assim os ácidos devem estar ajudando também à digestão;
- Controlar o peso juntamente com os conselhos e a supervisão do médico;
- Beber água fora das refeições: é importante beber muita água durante a gravidez (oito a dez copos por dia) mas deve evitar-se beber às refeições. Grandes quantidades de líquido pode distender o estomago, aumentar a pressão sob o esfíncter e causar o refluxo. Beba pouca quantidade de cada vez ao longo do dia;
- Usar roupa larga e confortável especialmente à volta da cintura e estomago. No verão é usar e abusar de vestidos leves e soltos;
- Alimentos que ajudam: o iogurte natural ajuda a reduzir a sensação de ardor no estomago - comer algumas colheres de iogurte a seguir à refeição ou sempre que haja desconforto. Alguns estudos indicam que as bactérias presentes no iogurte ajudam a neutralizar o ácido no esófago e a manter um bom funcionamento intestinal. Não gostando de iogurtes, gelados feitos à base iogurte poderá ser uma opção. Outro excelente aliado é a papaia uma vez que contém enzimas que acalmam o estomago e melhoram a digestão. O gengibre fresco e o chá de funcho também ajudam no combate à azia.

Se as crises de azia e indigestão forem muito frequentes e a adoção dos comportamentos sugeridos para controlar o problema não forem suficientes, consultar um médico é a melhor opção, pois este poderá aconselhar o uso de uma medicação que seja eficiente no controlo e alívio dos sintomas. No mercado é possível encontrar vários produtos que podem ser utilizados durante a gravidez no tratamento da azia e indisposição. Contudo, é essencial um aconselhamento inicial junto do médico, obstetra ou farmacêutico, antes de começar o tratamento. Entre as várias opções disponíveis no mercado, os alginatos destacam-se pela ausência de efeitos secundários. Esta substância ajuda a controlar o problema aliviando eficazmente o mal-estar, através da formação de uma barreira que flutua sobre a superfície do estômago, obstruindo a passagem do ácido para o esófago.
Outra alternativa para as grávidas, para além dos alginatos, são os tradicionais antiácidos que diminuem a acidez do ácido do estômago, evitando a irritação da mucosa gástrica. No caso dos antiácidos, o aumento de obstipação pode ser um dos efeitos secundários observados e que se deve ter em atenção.
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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