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Noiserv e a orquestra de um homem só, em novo álbum e em concerto
Noiserv no SBSR 2011 (José SEna Goulão/Lusa)
Redação Lux em 28 de Setembro de 2013 às 15:12
O músico David Santos, conhecido como Noiserv, transpõe para o palco, na terça-feira em Lisboa, as canções do álbum "Almost Visible Orchestra", o mais complexo que fez em quase dez anos de música, como relatou à agência Lusa.

O concerto no Teatro Municipal São Luiz - no Dia Mundial da Música - servirá para testar essa complexidade das novas canções, feitas de sobreposições melódicas e rítmicas, interpretadas com mais de 50 instrumentos e objetos.

"Almost Visible Orchestra" é o segundo álbum de originais do músico, que em 2004, aos 22 anos, começou por compôr canções simples, numa guitarra acústica, que adotou o nome Noiserv e que gravou um ano depois o EP "56010-92".

Depois daquele EP inicial, David Santos editou o álbum "One hundred miles from thoughtlessness" (2008), o EP "A day in the day of the days" (2010), despediu-se de uma carreira na engenharia eletrotécnica e dedicou-se em exclusivo à música.

Com os anos, as canções ganharam densidade, porque David Santos as foi construindo em várias camadas de melodias, feitas com instrumentos acústicos e eletrónicos, caixas de música, teclados antigos, metalofones, brinquedos e aparelhos dos quais retira sons e ruídos.

Até chegar a "Almost Visible Orchestra", fez ainda música para cinema e teatro - trabalhou, por exemplo, com Miguel Gonçalves Mendes, Rui Horta e Marco Martins -, experiências que lhe mostraram ainda mais potencialidades do som.

"Eu vejo este disco como a coisa mais complexa que consigo fazer. Daí o título, pode parecer uma orquestra de pequenos instrumentos, ou tantos instrumentos juntos aproximam-se de uma orquestra", explicou o músico.

David Santos canta e toca tudo sozinho ao vivo, tentando ser fiel ao que está no disco: "Toda a técnica tem de estar sabida para que eu não esteja preso a ela. A emoção vem depois do que estou a cantar".

E em "Almost Visible Orchestra", David Santos canta, como explicou, as complexidades de ser-se humano: a importância dos outros, a felicidade, batalhar por alguma coisa, valorizar as pequenas coisas.

O título do álbum é um acrónimo de "avó", cuja morte, há dois anos, o influenciou no processo de composição das canções. E há ainda uma referência a Francisco Lázaro, carpinteiro que se tornou atleta olímpico e que morreu numa prova em 1912: "Morreu por causa de um sonho e lutou por aquilo que queria".

Terminado o trabalho solitário de estúdio, David Santos considerou que o ciclo de uma canção só se fecha quando as pessoas a ouvirem e se apoderarem dela: "Eu gostar [de uma canção] é metade do processo. A outra metade é as pessoas gostarem também. Só assim é que a música faz sentido. Se as pessoas não gostarem, senti que a música não fez o que tinha a fazer".

Lusa
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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