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Crianças
O que fazer quando eles roubam?
Criança (Istockphoto)
Redação Lux  com Paulo Oom em 27 de Outubro de 2010 às 12:08
Uma criança até aos 4 ou 5 anos não tem a noção do conceito de propriedade ou de transição de propriedade. Por isso utiliza todas as coisas como se fossem de todos, sem que para ela isso tenha qualquer signifi cado especial. Mais perto dos 5 anos, pode começar a apropriar-se de alguns objetos que não são seus, mas apenas devido à sua constante exploração do mundo e não por maldade. É diferente quando o roubo acontece mais tarde, seja porque a criança tem inveja de algo que é de um dos irmãos, como um brinquedo, seja porque quer algo para benefício próprio, como um chocolate, seja até porque quer apoderar-se de um objeto para o dar a alguém, e dessa forma conseguir fazer amigos mais facilmente e tornar-se mais popular na escola.

Independentemente de qualquer que seja a idade, qualquer que seja a motivação ou qualquer que seja o objeto em questão, o roubo nunca deve ser tolerado por nós, pais. Não precisamos de fazer disso uma catástrofe e pensar ou dizer que o nosso filho tem o destino traçado e vai acabar, mais cedo ou mais tarde, na prisão, mas utilizar cada episódio como uma oportunidade para ensinar a criança e entender os seus motivos. Quando nos apercebemos de que a criança tem consigo algo que não lhe pertence, nada de dramas ou de sermões inúteis.

Apenas constatar que ocorreu um roubo e que vamos ter de reparar o dano. Também importante, não devemos atacar o carácter da criança, com frases como «és um ladrão», mas apenas dizer que aquele ato, em particular, não é tolerável e terá de ser corrigido. Podemos até acrescentar «Tu és um menino que se porta muito bem e por isso o que fizeste não está certo», mostrando o nosso apoio ao carácter e à personalidade do filho, mas condenando aquele ato em particular.

Após a constatação de que algo foi roubado, a criança deve ser encorajada a devolver o objeto, tal como o levou ou, caso isso não seja possível, como no caso de um saco de gomas já aberto, a pagar o preço respetivo. É fundamental que a criança perceba que não beneficiou com o roubo e que o crime não compensa. É igualmente fundamental que peça desculpa pelo seu ato.

É muito importante que o pedido de desculpa e o pagamento sejam feitos pela criança e não pela mãe, como muitas vezes acontece, pois isto permite à criança sentir-se mais responsável pelo seu ato. Se for necessário, a mãe poderá falar primeiro com a funcionária da loja, explicando-lhe o sucedido (com o filho à distância, sem ouvir) e depois dar ordem ao filho para avançar, dar as suas explicações e pagar o que era devido. Os maiores problemas surgem quando o ato de roubar se torna mais frequente.

A prevenção deve ser feita, ensinando aos nossos f lhos a noção de propriedade (podemos dar como exemplo os seus próprios brinquedos) e, nas crianças mais velhas, a noção de valor. É também igualmente importante ensinar-lhes a pedir e saber lidar com a frustração de um «não».

Por fim, temos de lhes fazer ver que esses atos não são inconsequentes. Quando a criança não resiste e insiste em roubar, apesar de todo o trabalho que colocamos na prevenção do problema, temos de passar para a fase seguinte, a de desencorajar esse tipo de comportamento, colocando-a de castigo, obrigando-a a pagar da sua mesada os objetos roubados ou estipulando alguma tarefa doméstica ou comunitária como forma de reparar o seu erro. Nos casos recidivantes, pode ser necessária a ajuda de um psicólogo infantil ou de um pedopsiquiatra.

Uma última advertência: depois do assunto resolvido e conversado, nem mais uma palavra. Assunto resolvido, vida nova. É um erro estar sempre a trazer o caso à baila, principalmente em público, o que muitos fazem sem ser por maldade, mas que é uma grande humilhação para a criança e em nada ajuda a sua autoestima e o seu desejo de ser melhor.
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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