J. K. Rowling, autora de «Harry Potter», foi entrevistada pelo jornal
El País, na única entrevista concedida até hoje a um meio de comunicação espanhol, na sua casa em Edimburgo, onde vive há anos.
A escritora falou sobre temas gerais, tais como a adolescência actual e as presidenciais norte-americanas, mas mais em concreto falou dos sete livros do pequeno feiticeiro que a tornou famosa, e salientou alguns pormenores interessantes sobre a sua obra e a personagem de Harry Potter, que diz ser, em muitos aspectos, o seu herói.
«O mero feito de ter escrito o primeiro livro salvou-me a vida. Dizem-me sempre que o mundo que criei em «Harry Potter» é irreal, e foi disso que me servi para me evadir», confessou Rowling. «Não era como se o meu mundo fosse mágico, mas todos os escritores evadem-se, mas eu não fazia isso só para fugir da realidade, antes para esclarecer assuntos que me preocupavam, como o amor, a perda, a separação, a morte, e tudo isso que se reflecte no primeiro livro», concluiu.
«Tento usar datas com algum significado, não sei porque é que faço isso, é uma mania minha. Por exemplo, o aniversário de Harry Potter é no mesmo dia que o meu», disse Rowling, constatando o facto de ter os seus livros cheios de referências pessoais.
Família e trabalho é o que faz a autora feliz e considera-se «sortuda por ter filhos, que são o mais importante de tudo, contudo, é difícil conciliar o escrever com ser mãe», afirmou.
O lançamento do primeiro livro de «Harry Potter» trouxe à vida de J. K. Rowling algo que nunca sonhará. Para além do dinheiro, que admitiu ser «extraordinário», a autora deparou-se com a atenção da imprensa britânica e a perda de privacidade. «Tudo isso deu-me muito medo», confessou a escritora.
As presidenciais norte-americanas são um assunto que preocupa a escritora britânica, pois sente que isso terá um impacto profundo em todo o mundo. «A política externa dos Estados Unidos nos últimos anos tem afectado, de forma negativa, tanto o seu país [numa referência a Espanha] como o meu [Reino Unido]».
A autora admite preferir ver um democrata a subir ao poder, e lamenta que Clinton e Obama tenham de ser rivais «porque ambos são extraordinários».
Quando lhe foi posta a hipótese de ser invisível, J. K. Rowling respondeu: «Ser invisível... isso seria o máximo».