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Nacional
MoMA mostra em setembro peças de Siza Vieira
Álvaro Siza Vieira
Redação Lux em 14 de Junho de 2012 às 18:02
O Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque vai mostrar, em setembro, numa exposição sobre Arquitetura e Política, as primeiras peças do arquiteto Siza Vieira recentemente adquiridas, disse à Lusa o curador Pedro Gadanho.

Segundo o curador português do Departamento de Arquitetura e Design do MoMA, na exposição «Ways of Being Political» («Formas de Ser Político»), que será também a primeira da sua autoria em Nova Iorque, figurará o projeto SAAL de São Victor, Porto, ligado ao pós-25 de abril.

A ideia para a exposição, disse o curador português, surgiu da «inquietação e frustração» manifestada por muitos arquitetos sobre formas de a Arquitetura criar ou não pontes com influentes movimentos de protesto contemporâneos como o Occupy Wall Street.

«No fundo, é mostrar que a atitude política sempre existiu e continua a existir, que quase não há razão para essa inquietação», disse à Lusa.

Ao todo, serão mostrados trabalhos de perto de 70 arquitetos e também algumas obras de arte da coleção do MoMA.

Culminando um longo processo de aproximação, o Departamento de Arquitetura do MoMA concluiu recentemente a aquisição de parte do espólio do mais reconhecido arquiteto português.

O anúncio deveria ter sido feito durante a visita do arquiteto a Nova Iorque para uma palestra no Museu, mas esta foi cancelada depois de Siza ter sofrido um acidente, antes da partida, e prevê-se agora o encontro para setembro.

A conferência de 08 de junho, que era um dos pontos altos do festival de cultura portuguesa em Nova Iorque este mês, tinha 400 pessoas confirmadas e os lugares esgotaram no próprio dia em que foram abertas inscrições.

Ao chegar ao MoMA, no início deste ano, Pedro Gadanho estabeleceu como objetivo colmatar o que identificou como uma lacuna na coleção do MoMA e as negociações com o arquiteto foram facilitadas pela «possibilidade de falar em português» na escolha das peças.

As peças adquiridas cobrem o início da carreira do arquiteto, como o SAAL e uma dependência bancária de Oliveira de Azeméis (1971-73), que «antecipa muito do que vai ser feito internacionalmente», sobretudo «ao nível do uso muito complexo da geometria e mesmo de certas revisões do movimento moderno», diz Gadanho.

A fase mais recente é representada pelo Museu Iberê Camargo (Porto Alegre, Brasil), que faz «pontes» com outros arquitetos prestigiados presentes na coleção do MoMA, caso de Frank Lloyd Wright e do brasileiro Óscar Nieymeyer.

«Há sempre uma preocupação em que os trabalhos não só sejam representativos como estabeleçam pontes com trabalhos da coleção para poderem fazer parte de exposições», afirma o curador.

As peças adquiridas são maquetes, plantas ou desenhos de várias fases dos projetos de Siza, que «revelam a evolução da obra».

«É muito importante na obra do Siza a metodologia, o processo de trabalho, o processo criativo. Era importante ter desenhos que mostrassem o projeto a evoluir e a nascer para futuro estudo e futura representação desses projetos», adianta.

Sobre futuras aquisições de projetos de outros arquitetos portugueses, como o também prémio Pritzker Souto de Moura, Gadanho afirma que «tudo depende dos interesses que a coleção vai tendo, projetos que surjam de exposições».

«No meu foco pessoal de interesse dos próximos tempos não há nenhum arquiteto português que entre, porque estou a tentar representar outras coisas, de outras geografias, tem a ver com a missão que me foi dada», afirma.

Lusa
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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