«A Sara foi condenada a 16 meses de prisão e 4 dias», explicava Carla Lupi à saída do tribunal de Algeciras, em Espanha, onde a filha tinha ouvido a sentença momentos antes, no dia 21.

No dia seguinte, em entrevista ao «Você na TV», explicava que esta sentença já contemplava os 14 meses da pena anterior, que estava suspensa. Não é o caso. Sara Norte enfrenta, sim, 30 meses de cadeia por tráfico de droga. Ou seja, a soma das duas penas que lhe foram aplicadas. «Os 16 meses só dizem respeito a este último delito. Depois, faz-se a soma com a anterior. Em Espanha, só há redução por cúmulo quando falamos em mais de duas penas», esclareceu à Lux o advogado espanhol da atriz, Carlos Ufenast Vallejo, que conseguiu um acordo judicial. A mesma explicação foi dada por uma fonte judicial em Espanha. Confrontado com a informação, Correia de Almeida, o advogado português que tem acompanhado o caso, disse ainda não estar a par da situação. Também Carla Lupi se escusou a comentar. «Não tenho nada a dizer», afirmou, enquanto lamentava todo o circo mediático à volta da história.

«Eu estou doente. Tenho pessoas da minha família que estão doentes com esta história toda», rematou. Afinal, o envolvimento da atriz no tráfico de droga caiu na família como uma bomba. «Não sabia [que a Sara tinha tomado] este rumo», admitiu o pai, Vítor Norte, à TVI. A mãe, Carla Lupi, disse no «Você na TV» que desconhecia a existência de um primeiro crime. E que só soube desta última detenção pela imprensa. Horas depois ligava-lhe a filha desesperada. Sara Norte, de 26 anos, ligou-lhe no passado dia 7 de fevereiro, um dia depois de ter sido detida pelas autoridades de Tarifa. Vinha de Marrocos com dois amigos, e levava 780 gramas de haxixe no estômago. Presente a tribunal em Algeciras, ficou de imediato em preventiva, porque tinha antecedentes criminais naquele país. Cerca de um ano antes já tinha sido detida por carregar 745 gramas de haxixe. Fora condenada a 14 meses de prisão com pena suspensa, uma vez que era primária. Nos dois anos seguintes não podia cometer mais nenhum delito, sob pena de apanhar prisão efetiva. Foi o que aconteceu. A atriz tentou, mais uma vez, transportar droga para Portugal, onde já era suspeita de pertencer a um gangue de tráfico de droga da zona de Lisboa.

Segundo a mãe, o propósito seria para «sobrevivência», uma vez que ela própria não tinha meios financeiros para apoiar a filha, que sempre foi «orgulhosa» e não queria preocupar a mãe, pedindo-lhe ajuda. Vítor Norte não entende este desfecho. «A Sara e o Diogo [irmão] sempre andaram nos melhores colégios de Portugal. Sempre foram acompanhados», disse à TVI. Portanto, «a Sara é que falhou», continuou, explicando que a filha começou a «descambar» quando mudou do curso de Direito para o de Comunicação Social.

Na visita que o pai lhe fez no Centro Penitenciário de Botafuegos, garantiu-lhe estar disposta a mudar de vida. Já se envolveu em várias atividades na cadeia, entre elas o grupo de teatro, e até já começou a trabalhar nas limpezas, esforço que lhe rende 250 euros mensais, que pode gastar na prisão em produtos de higiene, por exemplo. A continuar empenhada nas suas funções, com bom comportamente, após «três quartos da pena cumprida [22 meses e meio]», explicou o advogado espanhol à Lux, «pode sair em liberdade condicional». «Dentro da tragédia é o melhor que podia ter acontecido», partilhou Vítor Norte, que anseia uma mudança na vida da filha. «Isto vai fazer de mim uma pessoa nova», garantiu Sara Norte à mãe.