O sonho de fazer Erasmus em Budapeste depressa se tornou num pesadelo para a família de Gonçalo Ferraz. A aventura começou em agosto de 2011, quando o bolseiro do Instituto Superior de Gestão de Lisboa, partiu para Erasmus em Budapeste, na Hungria.

Mas no dia 11 de maio, após uma festa de estudantes de Erasmus, o jovem português, de 22 anos, e dois colegas - um de nacionalidade belga e outro de nacionalidade francesa - seguiam para casa quando, numa brincadeira, decidiram saltar de uma das dez pontes sobre o rio Danúbio.

Foi da ponte Erzsébet (Elisabete) que Gonçalo e o colega francês saltaram para o rio com a ideia de nadar até um local na margem. O colega belga não quis alinhar na brincadeira e disse aos amigos que esperaria na margem com as roupas. Mas, para sua surpresa, apenas o colega francês saiu das águas do Danúbio sem problemas. Eram 5h30 de sexta-feira. Até hoje Gonçalo não voltou a ser visto.

Em conversa com um dos irmãos de Gonçalo, o estudante francês admitiu ter-se esquecido de referir que quando saltaram da ponte estavam sentadas na margem do rio um grupo de pessoas que os aplaudiu, testemunhando o salto.

De acordo com o jornal húngaro «Népszabadság», uma outra testemunha terá visto os rapazes saltarem. Quando reparou que apenas um regressou à margem, chamou a Polícia Marítima. O outro tinha desaparecido.

As autoridades iniciaram as buscas no rio no mesmo dia, mas esta terça-feira alargaram as buscas para terra sob a suspeita de que o jovem terá sido raptado ao chegar à margem.

Na passada terça-feira, Pedro Ferraz, irmão de Gonçalo, mostrou-se confiante de que o contato com a Earth Tv - responsáveis pelas câmaras que mostram imagens da cidade 24 horas por dia online - poderia ajudar a descobrir o que tinha acontecido ao irmão.

«Boas notícias, penso eu. Já conseguímos contactar o site que tem a câmara que vos mostrei através do link. A Earth TV, responsável das câmaras, foram muito simpáticos quando os contatámos e disseram que iam ver a gravação de dia 11 de maio as 5h30 da manhã da câmara que está a gravar a ponte branca, Elizabeth Bridge, de onde o Gonçalo saltou. Não sabemos ao certo se nos vão enviar a gravação, se vamos ter que pagar, se temos que pedir ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da Hungria para fazer o pedido a esta empresa, não sabemos, mas sabemos que isto são muito boas notícias para percebermos o que realmente aconteceu», escreveu Pedro Ferraz no Facebook.

Mas a esperança desvaneceu-se quando a Earth TV ligou à família a informar que só gravam 60 segundos de cada hora e que «estiveram a ver durante as 5 e as 6 da manhã de sexta-feira e nada, durante os tais 60 segundos dessa hora não há gravações do salto do Gonçalo».

«Próxima alternativa: google earth, acho que as câmaras deles gravam tudo. E também tentar chegar as pessoas que viram tudo, para isso é preciso fazer SHARE da página com a bandeira. Obrigado! Nós acreditamos no Gonçalo!», desabafou o irmão do jovem.

Na quarta-feira, os mergulhadores procuraram o jovem em duas zonas do rio Danúbio, mergulhando a 500 metros da ponte e a 8 km de distância, onde se localiza uma barragem.

«No entanto, não deu em nada, por isso as buscas dos mergulhadores continuarão amanhã. Continuamos acreditar», partilhou Pedro Ferraz no Facebook.

Entretanto, a polícia comunicou por escrito, à agência Lusa, que não há indícios de crime nem está aberta nenhuma investigação criminal sobre o caso.

Nas redes sociais, a família do jovem português - que chegou a Budapeste na passada sexta-feira à noite - mantém a esperança e tem feito vários apelos para tentar encontrar Gonçalo. Já esta sexta-feira foi criado o site «Bring Gonçalo Home. Totalmente em inglês, a página quer chegar ao maior número de pessoas possíveis para reunir informação sobre o que aconteceu.