Uma retrospetiva da artista portuguesa Vieira da Silva (1908-1992) abriu as portas no Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, no âmbito das celebrações do Ano de Portugal no Brasil.

A exposição, intitulada «Vieira da Silva - Agora», reúne 51 obras de acervos de instituições culturais e de colecionadores privados, maioritariamente de Portugal, sendo boa parte delas ainda desconhecidas do público brasileiro.

As obras escolhidas foram produzidas pela artista entre 1934 e 1986, com destaque para o trabalho realizado nas décadas de 1950 e 1960.

A escolha, de acordo com a curadora Marina Bairrão Ruivo, da Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva (FASVS), foi feita com a intenção de criar uma vasta retrospetiva, com um pouco de cada época, e garantindo a presença de algumas das obras mais marcantes da artista.

«A intenção era criar uma exposição que ilustrasse o período todo e não só a parte em que viveu no Brasil, por isso temos trabalhos que vão de 1930 a 1980, incluindo obras-chave», destacou à Lusa a curadora.

Entre as peças de destaque estão «Le jeu de cartes» (1937), «Echec et mat»(1949/1950) e «Dislocation du labyrinthe» (1982).

Vieira da Silva viveu entre 1940 e 1947 no Rio de Janeiro com o marido, o pintor húngaro de origem judaica Arpad Szenes, com quem fugiu da perseguição nazi durante a segunda guerra mundial.

Entre as obras produzidas durante a estada na cidade está o desenho «Baía do Rio», no qual retrata a paisagem de um dos cartões postais do Rio de Janeiro, o Pão de Açúcar, e a Baía de Guanabara, vistas do alto do morro de Santa Teresa.

No período em que viveu no Brasil, Vieira da Silva contribuiu e influenciou ainda uma série de artistas contemporâneos, fazendo parte de ciclos de intelectuais com a poetisa Cecília Meireles (1901-1964), o poeta Murilo Mendes (1901-1975) e o desenhista Carlos Scliar (1920-2001).

Paralelamente à retrospetiva ficará também patente a exposição «Diálogos com Vieira da Silva», com 28 trabalhos de mais de 20 artistas brasileiros, cujas obras «dialogam» de alguma forma com as da pintora portuguesa.

Entre os autores da mostra paralela destacam-se o pintor ítalo-brasileiro Alfredo Volpi, e os brasileiros António Bandeira, Lygia Clark, Alberto da Veiga Guignard e Carlos Scliar.

Lusa