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Nacional
Redação Lux em 21 de Setembro de 2019 às 09:00
David Motta: 'A mãe acha que está na iminência de partir e o livro é uma tentativa de chegar ao meu irmão e pedir perdão'
1/4 - David Motta - Apresentação de Eu, Maria das Dores, me Confesso Foto: Fernando Costa/Lux
2/4 - Virginia López e David Motta - Apresentação de Eu, Maria das Dores, me Confesso Foto: Fernando Costa/Lux
3/4 - Apresentação de Eu, Maria das Dores, me Confesso Foto: Fernando Costa/Lux
4/4 - Maria das Dores Foto: Arquivo Lux

O livro Eu, Maria das Dores, me Confesso foi apresentado à comunicação social pela jornalista Virginia López, a profissional escolhida pela editora para auxiliar a autora na escrita do livro, e David Motta, filho de Maria das Dores, no El Corte Inglés de Lisboa, na sala de Âmbito Cultural.

Foi um dos crimes e julgamentos mais mediáticos de Portugal e Maria das dores ficou conhecida como “a socialite que mandou matar o marido para cobrar o seguro de vida” mas nunca confessou o crime.

Durante o julgamento, declarou-se inocente e culpou o motorista e o amigo  como responsáveis pelo assassinato do empresário Paulo Pereira da Cruz, de 44 anos, no dia 20 de janeiro de 2007.  Agora, é a Paulo que se dirige,  em cartas  inéditas publicadas no livro que assina a sua confissão.

“Errei. Tive cinco minutos de apagão, de bom senso e da lucidez. Porquê? Por ciúmes, falta de atoestima, revolta, solidão - um cocktial explosivo ao qual ainda juntava aqueles comprimidos para emagrecer com anfetaminas (...) Eu matei-te, Paulo, e agora estou nesta prisão que parece uma gaiola onde se respira mal (...) Na altura do homicídio, sentia-me impotente e incapaz de mudar. Quando pensava no futuro, só sentia vergastadas no meu braço que estava cortado a meio, amputado como a minha autoestima”. 

Segundo David Motta, o filho mais velho, de um casamento anterior, e que representou Maria das Dores na apresentação do livro,  o livro não serve qualquer propósito de “limpar” a  sua imagem.

“A intenção da mãe não foi nunca branquear a imagem  que as pessoas têm dela. Ela quis mostrar o seu arrependimento e explicar que por trás daquela personagem da  da socialite  que mandou matar o marido, há um ser humano, uma história e um conjunto de circunstâncias  que levaram a minha mãe a cometer esse crime hediondo como ela o reconhece”.

O produtor de moda, a fazer carreira internacional entre Londres e Nova Iorque, evidencia que a mãe reconheceu o seu crime “há algum tempo em reclusão” e que a necessidade de registá-la chega também devido aos resultados preocupantes de alguns exames médicos feitso durante as saídas precárias trimestrais,  (RAI, Regime Aberto ao Interior).

“Chegou aos 60 anos e não quero dizer que há  negligência médica no sistema prisional mas havia uma série de exames médicos a fazer como biópsias  e a mãe aproveitou as saídas precárias, que deveriam ser de  reinserção social e não para cuidar da sua saúde porque isso é obrigação dos serviços prisionais, para fazê-los. O exame da mama tinha umas calcificações que a médica  disse que havia uma grande probabilidade de serem malignas e então ela entrou numa espécie de reflexão ... ‘tenho 60 anos fiz o que fiz, o fim está perto e eu  gostava de deixar algo  ao meu filho mais novo’ “. 

Admitindo o trauma que carrega desde que tudo aconteceu e lembrando que nunca mais teve contacto com o irmão, Duarte, filho de Maria das Dores e Paulo Pereira da Cruz, na altura com sete anos.  “Hoje é um homem  com 21 anos que não tenho a  felicidade de conhecer. Sei que estuda medicina. É uma opção dele, se quiser ler o livro, e por  respeito aos avós pode não ler agora, pode ler um dia mais tarde mas se tiver essa curiosidade e a se a mae já não estiver cá fica esse registo, essa tentativa de chegar até ele e pedir perdão qd ele quisesse. A mãe acha que está na iminência de partir e o livro é uma tentativa de chegar ao meu irmão e pedir perdão. É também ao filho Duarte que Maria das dores se dirige nas muitas cartas inéditas agora publicadas: “Duarte, perdoa-me. A minha sentença não é a prisão, é saber que, por aquilo que te fiz, não mereço voltar a ver-te”.

 

 

 

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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