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Internacional
Com a nomeação pelo seu desempenho em “Tár”, Cate Blanchett pode ganhar o terceiro Óscar da sua carreira
Cate Blanchett e Andrew Upton - 73ª gala dos Globos de Ouro Foto: Reuters
Redação Lux em 10 de Fevereiro de 2023 às 18:40

Depois de meses a viver na pele de Lydia Tár, a maestrina a que deu vida no seu mais recente filme, “Tár”, Cate Blanchett, de 53 anos, diz que já não consegue imaginar a sua vida sem este papel: “É muito raro recebermos um guião tão perfeito, em termos linguísticos, visuais, rítmicos…”, afirma.

Blanchett interpreta uma poderosa, brilhante e premiada maestrina da Orquestra Filarmónica de Berlim. Uma mulher cruel, cujo comportamento egoísta acaba por ditar a sua queda. Um papel que pode levar a atriz ao terceiro Óscar da sua carreira.

Na corrida de 2023 aos prémios anuais mais desejados da indústria, Blanchett já arrecadou o Globo de Ouro e o Critics Choice Awards, na categoria de Melhor Atriz, pelo seu desempenho. As complexidades e nuances que a atriz imprime à sua personagem fazem com pareça que está a representar uma mulher real e não uma personagem ficcional. Todd Field, o argumentista, escreveu o papel com Cate Blanchett em mente e assume que se a atriz não tivesse aceitado, o filme não teria acontecido.

A preparação para Tár foi intensa. Teve aulas de alemão, para poder dizer algumas frases durante o filme e aprendeu a conduzir uma orquestra. Voltou também a ter aulas de piano, algo de que tinha desistido em criança, quando a professora lhe disse que nunca iria ser pianista, mas que a via como atriz.

Apesar de toda a preparação para dar veracidade à personagem, Cate Blanchett assume: “Este não é um filme sobre a condução de uma orquestra, nem sequer um filme sobre música clássica. A personagem podia ser uma arquiteta ou a CEO de um banco. Penso que é um filme muito provocador e uma análise à corrupção de um poder institucional que afeta toda a gente, independentemente da sua orientação sexual ou género. Penso na Lydia como a pessoa certa, mas no momento errado… O que acontece se passares a vida a querer estar num ponto de grandeza, mas nasceste numa altura em que tudo se está a desmoronar?”

E grandeza tem sido o que Cate Blanchett também procura na sua carreira. No entanto, apesar de gostar de ser reconhecida, tem uma posição muito forte quanto aos prémios entregues. Recentemente, no discurso de aceitação do Critics Choice Awards, como Melhor Atriz, Cate fez questão de mostrar a sua visão quanto a este tipo de reconhecimento, defendendo que não devia ser entregue a apenas uma nomeada, mas a todas: “Não acredito que estou aqui. É ridículo, sou tão velha. Obrigada e obrigada às outras nomeadas. Adorava que pudéssemos mudar toda esta estrutura de merda. Que raio de pirâmide patriarcal é esta em que alguém está aqui em cima? Por que não dizemos apenas que há uma série de performances femininas que estão em diálogo e sintonia umas com as outras e paramos esta corrida de cavalos televisiva de uma vez por todas?”, afirmou continuando: “Posso dizer a cada uma de vocês, que qualquer mulher, seja na televisão, cinema, ou a fazer um anúncio de tampões, fazem um excelente trabalho, que me inspira continuamente. Por isso, partilho isto com todas vocês.”

Noutra ocasião, em entrevista à revista OK, a atriz tinha já falado sobre a dificuldade que as mulheres encontram neste meio e a sua evolução na indústria cinematográfica: “Quando comecei, há muitos anos, o meu marido disse-me, de uma forma muito sincera e solidária, ‘aproveita bem amor, porque, se tiveres sorte, serão cinco anos bons’. Para as mulheres, regra geral era assim.”

Cate Blanchett foi uma das mulheres que superou a estatística e, hoje, é considerada uma das melhores atrizes de Hollywood. Casada há 25 anos com o dramaturgo, argumentista e realizador australiano Andrew Upton, o casal tem quatro filhos, Dashiell, de 21 anos, Roman, de 18, Ignacios, de 14, e Edith de 8. Vida profissional e privada nunca se misturam e a atriz diz que os filhos “não mostram qualquer interesse pelo facto de ser famosa”.

Tenta passar o menor tempo possível longe da família e esse é um dos segredos, também, para uma vida em comum tão longa, segundo os padrões da cena artística em que se movimenta. Apesar do sucesso nas duas principais áreas da sua vida, Blanchett diz que não se sente especialmente poderosa, mas tem perfeita noção da sua posição privilegiada em certos ambientes: “Sou uma mulher branca que tem segurança económica, completou todos os graus de ensino, que não está numa relação abusiva, trabalha e está bem de saúde. A esse nível, sim, sou incrivelmente poderosa.”

Tal como os filhos, e ao contrário de Cate Blanchett, Andrew Upton não se sente afetado com o sucesso e reconhecimento da mulher. Discreto, acompanha a atriz a alguns prémios de cinema e não se importa de ser “o marido de” nem de viver na sombra da atriz. Autointitula-se como “o apoio” de Cate, e sobre a mulher diz: “É a melhor atriz da sua geração e uma das mais bonitas mulheres do mundo.” n

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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