É mais um embaraço para a família real britânica. Em Inglaterra, o assunto do dia é a perigosa relação de amizade entre o príncipe André e o bilionário americano Jeffrey Epstein, que em 2008 esteve 18 meses preso por abuso sexual de menores. O financeiro está no centro de um novo escândalo de pedofilia, enfrentando um processo em que pelo menos 11 raparigas o acusam de as ter molestado sexualmente.

O nome do duque de York foi envolvido nesta intrincada rede por uma das testemunhas-chave, o antigo governante da casa de Jeffrey Epstein na Florida. Alfredo Rodríguez garantiu em tribunal que o príncipe André era visita assídua em casa do bilionário com quem mantinha, inclusive, contactos telefónicos regulares. Ora, terá sido na mansão de Jeffrey Epstein que muitas das raparigas terão sido abusadas sexualmente durante as muitas festas que o bilionário oferecia. André também frequentava essas festas. Amigo de várias estrelas de Hollywood e de Bill Clinton, o bilionário viu-se envolvido neste escândalo em março de 2005, quando a mãe de uma adolescente de 14 anos contactou a polícia de Palm Beach alegando que a sua filha tinha sido sexualmente abusada por Jeffrey.

As investigações da polícia, que envolveram o FBI, puseram a nu um esquema de angariação de raparigas - algumas pobres e vulneráveis - recrutadas para satisfazer as necessidades sexuais do bilionário e de alguns amigos. Virginia Roberts foi uma das vítimas. Foi contratada aos 15 anos para trabalhar como massagista, mas depressa foi obrigada a ceder aos caprichos sexuais de Jeffrey e aos 17 anos já viajava entre vários Estados americanos, recebendo dinheiro a troco de sexo quer com o bilionário quer com vários dos seus amigos, em que se incluíam políticos, académicos, empresários...

Foi através de Jeffrey que, a mãe de três filhos, conheceu o duque de York durante um jantar em Londres. E há, pelo menos, uma fotografia de André com a jovem que prova que o fi lho de Isabel II a conheceu de facto. Juan Alessi, antigo empregado do bilionário, assegura que André visitava a casa de Jeffrey quatro a cinco vezes por ano e que desfrutava de massagens diárias, o disfarce usado como método para encobrir as práticas sexuais.

Não há provas de que o príncipe André tenha praticado qualquer crime semelhante ao do amigo, mas o filho da rainha de Inglaterra não se livra da polémica, depois de ter sido fotografado ao lado de Jeffrey, em dezembro. E mais ainda depois de Johnny Sullivan, antigo assistente pessoal da sua ex-mulher, Sarah Ferguson, ter divulgado que a duquesa de York recebeu cerca de 17.500 euros do bilionário para pagar as suas dívidas. Valor que Sarah Ferguson garante em entrevista ao The Evening Standard querer devolver a Jeffrey, assegurando que o «acordo» terá sido feito sem o conhecimento do ex-marido.

«Eu abomino a pedofilia e qualquer abuso sexual de crianças e sei que isto foi um gigantesco erro de julgamento da minha parte. Estou tão arrependida... Quando puder vou devolver o dinheiro e nunca mais terei nada a ver com Jeffrey», afirma.

Mas as repercussões do caso ameaçam pôr em causa o cargo de André como embaixador do Comércio Britânico. O seu envolvimento com um pedófilo é, aos olhos de muitos deputados, insustentável para alguém com responsabilidades e muitos já exigiram a sua demissão. O primeiro-ministro, David Cameron, parece, pelo menos para já, manter a confiança no filho de Isabel II.