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Internacional
Redação Lux em 29 de Janeiro de 2021 às 18:00
Aos 36 anos, Katy Perry, que foi mãe há quatro meses, fala dos desafios do estrelato e da maternidade
1/2 - Katy Perry Foto: DR
2/2 - Katy Perry Foto: DR

O álbum “Smile” foi lançado um dia depois de ter sido mãe, em agosto. Daisy Dove é fruto da relação da cantora com o ator Orlando Bloom e veio mudar a vida da estrela pop, que assume que ser mãe não pode ser impeditivo de continuar a desejar crescer na carreira.

“Equívoco popular: ‘Ser mãe não é um trabalho em tempo integral’. Quando uma mãe finalmente volta a trabalhar (qualquer que seja a profissão que exerça), não é como se ela tivesse vindo de meses de ‘folga’... ela está a regressar de um trabalho de tempo integral... de ser mãe e eu amo o meu trabalho”, escreveu a cantora nas redes sociais, assumindo estar ainda a adaptar-se à sua nova vida como mãe, sobretudo durante a pandemia.

Ao programa de rádio norte-americano “Morning Edition”, conduzido por Noel King, a atriz abriu o coração para falar destes últimos meses e do período mais negro da sua vida, em 2017, quando lutou contra uma depressão:

“Tinha estado numa verdadeira montanha-russa. Há uma altura da vida em que podemos chegar ao topo, mas sabemos que haverá um dia em que vamos fazer o caminho contrário… Tive um percurso de sucesso estrondoso de 2008 até 2017. Em 2017, lancei um disco um pouco diferente dos outros, mais experimental. Queria mostrar que conseguia fazer algo diferente em termos musicais. Se olharmos para um gráfico de um artista musical, há sempre esse ponto de viragem, de revolta, de rejeição. Esse momento, para mim, foi em 2017. Mas foi estranho. Não me sentia eu. Era como se estivesse habituada a ver o mundo do topo da montanha e o universo me tivesse, de repente, mostrado que a humildade também faz parte da viagem. Na altura, odiei. Porém, olhando para trás, era muito importante para mim crescer, ter os pés mais assentes na terra e abrir horizontes como ser humano que sou e não me centrar apenas no meu sucesso e nessa montanha-russa onde estava a tentar ser ‘a melhor estrela pop rock de sempre’! Não ter outra dimensão a não ser essa, e ter pouca humildade e visão, foi algo que conduziu a problemas relacionados com a minha saúde mental. Cheguei mesmo a entrar num instituto, o The Hoffman Institute. Consegui, e reconstruí a visão que tenho de mim própria. Todos temos aquele click que nos faz pensar negativamente. Quando estamos sozinhos e em silêncio, esse click ainda se sente mais… E o meu estava bastante ativo!”, revelou, dizendo que ela própria foi criando mecanismos para se reerguer a cada queda: “Fui criada numa família religiosa, onde não nos era propriamente permitido mostrarmos os nossos sentimentos. E é, precisamente, a forma como encaramos esses momentos menos bons que vai traçar o nosso caminho daí para a frente. Penso que nunca sabemos quem verdadeiramente somos até sermos colocados à prova. Portanto, acho que este disco é o início da construção da minha integridade, da minha totalidade. E por que razão não sabia quem era essa pessoa, há três ou quatro anos? Sempre fui muito resiliente. Faço dos erros um caminho de aprendizagem e de crescimento. Infelizmente, tenho de o fazer sob o olhar público, mas decido sempre erguer-me e mostrar que venci. Não sei qual é a verdadeira definição de mim própria, este é apenas um capítulo do meu livro, um livro que está por escrever.”

Quando a filha nasceu, as dúvidas voltaram, mas desta vez a luta interior aconteceu em confinamento e foi entre o ser boa mãe e continuar a fazer o que a realiza. Sobre como foi estar a preparar o lançamento do novo álbum e, ao mesmo tempo, a chegada de um bebé disse:

“No meio de uma pandemia, no meio de uma revolta racial e no meio de eleições presidenciais… Fácil, não? Estava na Austrália e regressei a casa a 14 de março. Montei um pequeno estúdio no meu quarto. O meu cunhado é produtor musical. Não trabalhamos, habitualmente, juntos, mas foi ele quem acabou por me ajudar a dar os toques finais no álbum. O single ‘Only Love’ fala precisamente daquilo que fazemos quando a vida dá uma reviravolta. Olhamos para aquilo que realmente importa? Redefinimos prioridades? Recompomo-nos? Estava tudo a tornar-se tão real e emocional, naquele momento. Em meados de março comecei a compor o disco. Consegui manter-me supercriativa durante todo este tempo, o que agradeço, porque, com ou sem pandemia, o processo de gravidez não é fácil, é um processo longo.”

Quanto ao que espera da sua vida no futuro, afirma:

“Espero ser um exemplo de resiliência, especificamente durante estes tempos difíceis que vivemos. Falarmos sobre saúde mental é algo muito importante nos dias que correm. Julgo que, se o fizermos, podemos estar a aliviar o sentimento de pressão em algumas pessoas. Fui mãe recentemente, mas continuo a fazer o que me apaixona. Julgo que a visão de que devemos abdicar dos nossos sonhos e das nossas vontades para nos dedicarmos por inteiro ao bebé é muito antiquada.”

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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