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Nacional
Redação Lux em 13 de Outubro de 2012 às 20:49
Vídeo: Praça de Espanha palco de protesto
Redação Lux em 13 de Outubro de 2012 às 20:49
Poesia, palavras de ordem, Zeca Afonso e Beethoven já passaram pelo palco montado na Praça de Espanha para uma manifestação a que muitos pais levaram os filhos por cujo futuro temem.

Desde as primeiras oito inconfundíveis notas da quinta sinfonia, cerca de 10 mil pessoas assistem pacificamente aos concertos do protesto «Cultura é Resistência», que já levou ao palco também a música de José Afonso, a poesia de Álvaro de Campos e apelos à demissão do Governo.

Numa parte do relvado no centro da praça de Espanha, uma zona está povoada de famílias sentadas e muitos carrinhos de bebé.

Miguel e Filipa trouxeram o filho de cinco meses, porque «a violência do ataque aos direitos» dos três e «a falta de vergonha» dos seus patrões fazem com que «tenha passado a imperar o medo».

«Temos medo de que ele não vá ter o que os nossos pais nos puderam dar e temos medo de ter de sair do país para o educar», afirmou Miguel, referindo-se ao filho bebé.

Miguel e Filipa sentem que «isto tem de mudar, esta gente tem de ganhar vergonha e sair», acrescentou.

Trabalhadores do setor das comunicações já deixaram de receber quaisquer horas extraordinárias e notam que cada vez mais gente sai da empresa em litígio.

Entre o público pontuam várias formas de protesto, tal como um grupo de estudantes de Teatro de Lisboa, que afirmam não poder dizer de que escola são, que se vestiram de preto e se maquilharam como cadáveres para pedir «Não matem a Cultura», como se lê numa faixa que transportam.

Outro manifestante improvisou num caixote de bolachas um cartaz onde escreveu «Haja Esperança», enquanto ali perto uma enorme faixa vermelha pintada com letras brancas pergunta «Que farei com esta espada?», numa alusão ao filme do cineasta João César Monteiro.

Entre o público pontua também uma faixa dos trabalhadores da RTP, declarando-se «Contra a Privatização da Televisão Pública» e uma delegação de trabalhadores da Agência Lusa que reclama contra o corte de 30 por cento pretendido pelo Governo no contrato-programa com a empresa e que trouxeram uma faixa onde se lê «Destruir a Lusa é Atacar a Democracia».

Espalhados pelo espaço estão também aderentes do protesto Global Noise que, pelas 21:00, irão bater tachos e panelas contra a austeridade, numa ação concertada com a organização dos concertos, que se comprometeu a parar a música para se ouvirem os tachos, segundo disse à Lusa Inês, porta-voz do Global Noise.

Enquanto no palco Mário Mata canta «Não há nada pra ninguém», crescem as filas para os comes e bebes, com muitas pessoas a procurarem lastro para aguentar mais algumas horas de música e protesto.

Lusa
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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