O ex-deputado do Bloco de Esquerda Fernando Rosas disse hoje que a morte de Miguel Portas deixa «uma ausência, um buraco muito difícil de preencher».
Fernando Rosas reagia à agência Lusa à morte do eurodeputado Miguel Portas, de 53 anos, hoje num hospital de Antuérpia, vítima de doença prolongada.
«Não podemos deixar de o recordar senão dessa maneira, como um pensador e um homem de ação que deixa-nos a sua obra, deixa-nos o seu exemplo, mas deixa-nos a sua ausência, deixa-nos um buraco para todos nós muito difícil de preencher», enfatizou.
O historiador considerou ainda que apesar de Miguel Portas se encontrar gravemente doente, a sua morte não deixa de surpreender.
«Porque ele encarava a morte como uma luta que podia vencer; encarou a morte como encarou sempre a vida, como um combatente e portanto, apesar de tudo, surpreendeu-nos ele não ter conseguido ganhar esta batalha porque não estamos ainda preparados cientificamente para ganhar», disse.
«Morreu como viveu: a combater», frisou.
O historiador lembrou ainda o passado de militante antifascista de Miguel Portas, o de jovem militante comunista de onde depois saiu em prol da renovação da esquerda assim como de fundador do Bloco de Esquerda.
Lembrou ainda que o ex-jornalista foi «o primeiro rosto eleitoral do Bloco», quando concorreu a umas eleições europeias que perdeu e que depois veio a vencer, resultado de «combates» que travou «sempre com lucidez, com alegria, com energia, com aquela lúcida combatividade que sempre o encontrou».
Fernando Rosas considerou ainda Miguel Portas «um homem do mundo», mas «sobretudo do Mediterrâneo, do cruzamento de culturas, de políticas e de sonhos».
Acrescentou que, enquanto eurodeputado, «esteve ao lado da Primavera Árabe e do mundo magrebino, ao lado do povo palestiniano na luta pelos seus direitos, assim como a denunciar Guantánamo e a lutar pelos direitos sociais e políticos dos mais fracos».
«Esse foi sempre o seu lado da vida», concluiu.
Lusa