Os objetos que usamos no dia-a-dia e o relevo que eles criam na roupa são o ponto de partida para a coleção que Dino Alves apresentou este domingo (9), na ModaLisboa.
«Através desses relevos deixados nos bolsos das calças e de outras peças mais cingidas ao corpo podemos intuir, ou quase ver, os objetos que cada um leva consigo: telemóveis, carteiras, molhos de chaves, blocos, maços de tabaco, isqueiros. E se, desta mesma forma, pudéssemos ter acesso imediato ao que as pessoas têm dentro de si? E se os predicados de cada ser humano fossem relevos, vultos ou vestígios na pele? Que sentimentos, que caráter, que virtudes e defeitos, que intenções, que índole e temperamento nos comunicariam esses relevos?», questiona o criador na sua coleção Inside Out.
Com bolsos de vários tipos, multiplicados em partes menos usuais, vistos como elemento decorativo e como metáfora daquilo que cada pessoa encerra dentro de si mesma, as criações recorrem a «retângulos e outras formas depuradas criam relevo nas peças e simulam os objetos quotidianos. Figuras geométricas em perspetiva criam profundidade e dão-nos a ilusão óptima de volumetria ¿ como nos bolsos».
Nesta época adversa da vida coletiva, «a ideia dos bolsos e dos haveres que neles habitam pode ser entendida como um comentário irónico sobre a realidade. Quanto menos coisas temos, mais nos lembramos dos sítios onde guardar o nosso vazio».