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O medo de educar
criança
Redação em 17 de Setembro de 2009 às 09:58
Cada vez são em maior número os casais que me procuram por terem dúvidas sobre a melhor forma de educar os seus filhos. Os meus pais educaram nove filhos com bom-senso e o conselho ocasional de algum familiar. Mas hoje parece que isso não chega.

Mais ainda, parece que as dezenas de livros e sítios na Internet sobre educação infantil não chegam. E não admira que assim seja. Em primeiro lugar, a educação não é algo que se aprenda nos livros, mas que se vive e molda na prática do dia-a-dia. Não existem fórmulas mágicas ou truques milagrosos que transformem qualquer pestinha num anjo celestial.



Muito pode ser lido e relido, muitos fóruns podem ser frequentados, mas nada nem ninguém poderá dar àqueles pais o que eles mais desejam: a fórmula da educação perfeita. Habituados, nesta «sociedade da informação» a tudo conseguirem dos media, os pais e mães sentem-se perdidos quando essa sociedade não é aquela que «tem a resposta para todos os seus problemas» mas afinal aquela que «tem a resposta para todos os seus problemas excepto os que dizem respeito à educação dos seus filhos».

Acresce a tudo isto uma manifesta falta de tempo. Cada vez mais os pais chegam tarde e a más horas a casa, trabalham ao fim-de-semana ou por turnos e pretendem, naqueles poucos minutos que estão com os seus filhos, operar verdadeiros milagres de educação infantil. Super-heróis só no cinema ou no Carnaval. Educar exige tempo. E tempo de qualidade.

Não dá para resumir ou condensar. Não resulta um curso intensivo do género «senta-te aqui ao pé de mim, que vou dizer-te como te deves comportar.» Educar significa ensinar e transmitir valores e isto só se consegue pela palavra calma e o exemplo contínuo do dia-à-dia.

Para além destes aspectos existe, ao mesmo tempo, ou talvez por isso mesmo, uma enorme sobrevalorização das supostas necessidades da criança. Para muitos pais, o lema é «não traumatizar!»

Como se a educação de uma criança pudesse ser feita sem proibições, sem regras ou sem restrições, do tipo «eu sou o teu melhor amigo e por isso tu vais fazer o que eu te digo, certo?» Errado.

A criança precisa de regras e de limites, da mesma forma que necessita de valores e de objectivos. Muitos pais e mães têm enorme dificuldade em estabelecer esses limites ou em definir algumas regras, «para não traumatizar a criança», dizem. Lembro-me de tanta coisa que eu quis fazer em pequeno e os meus pais não me deixaram (andar de bicicleta na estrada por entre os automóveis era uma tentação irresistível, atirar pedras aos outros meninos, um desafi o de perícia essencial...) Não me parece ter ficado grande trauma e ensino hoje o mesmo aos meus filhos.

Existe actualmente grande insegurança na educação infantil. E é um erro o que muitos casais pensam, que a escola se vai encarregar de educar os seus filhos. A escola vai ajudar, mas os pais são os professores privilegiados dos seus fihos e ninguém como eles pode ter tanta influência no denvolvimento da personalidade da criança.

Há que perder o medo. Até lá, continuarei a conversar com muitos casais para lhes explicar que, nos últimos 40 anos, não foram as crianças que mudaram, mas a mentalidade daqueles que em tempos também foram crianças e hoje se viram transformados em pais.

Paulo Oom

Contacto:Clínica Gerações

Tel.: 21 358 39 10
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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