O presidente da Sociedade Portuguesa de Educação Médica, Rui Santos, disse, em declarações à agência Lusa, que as séries televisivas sobre o quotidiano em hospitais, como as norte-americanas «Serviço de Urgência» ou «House», «deturpam a realidade» e criam falsas expectativas.
«Têm uma influência muito grande nas pessoas, criam determinadas expectativas. As pessoas vêm aqui à urgência [dos Hospitais da Universidade de Coimbra, HUC] e acham que devem ser tratadas como se fosse lá», disse o médico ao referir-se à série «Serviço de Urgência» («ER»), cuja acção se desenrola num hospital de Chicago, Estados Unidos.
O professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra falava à agência Lusa à margem do X Congresso Nacional de Educação Médica 2007, que termina hoje no auditório dos HUC.
Contudo, o médico dos HUC e presidente do congresso considera que estas e outras séries, como «Anatomia de Grey», têm o efeito positivo de «lançar a discussão».
«Mas a cultura americana é muito diferente da nossa», advertiu.
Para ilustrar a influência da ficção televisiva norte-americana cujo enredo se centra na vida hospitalar, o presidente da SPEM relatou o caso de uma funcionária de um estabelecimento comercial de Coimbra que lhe disse que iria dispor, em breve, de «batas novinhas, como as do Dr. House».
Sobre o médico Gregory House, que dá nome à série, Rui Santos considera que na actividade clínica da personagem representada pelo actor Hugh Laurie «os diagnósticos acontecem sem método, por acaso».