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Internacional
Festival de Bayreuth despede cantor por causa de tatuagem nazi
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Redação Lux em 22 de Julho de 2012 às 13:09
O Festival de Bayreuth, dedicado à música de Richard Wagner, despediu uns dos seus principais cantores, Evgeny Nikitin, poucos antes de inaugurar a edição deste ano, depois de descobrir que este tinha uma cruz suástica tatuada no peito.

O barítono russo, de 39 anos, tinha sido contratado para um dos papéis principais na ópera «O Holandês Voador», precisamente o holandês, mas já abandonou os ensaios, e está a ser procurado um substituto, revelou a direção do festival, que começa na quarta-feira, com uma gala a que assistirá também a chanceler alemã, Angela Merkel.

«Não imaginei a dimensão das irritações e sofrimentos que este símbolo iria provocar, sobretudo em Bayreuth, no contexto da história deste festival», admitiu Nikitin, em declarações à imprensa alemã, antes de abandonar a cidade da Baviera.

A direção do festival e o encenador da versão deste ano de «O Holandês Voador», Jan Philipp Gloger, só viram a tatuagem da cruz suástica na sexta-feira à noite, em filmagens de um magazine cultural da televisão pública ZDF.

Apesar de coberto por uma tatuagem posterior, o símbolo máximo do regime nazi no peito de Nikitin ainda é visível, e a direção do festival e o encenador decidiram imediatamente anular o contrato com uma das suas «estrelas» desta temporada.

«Tínhamos de tomar posição, não podíamos ignorar o que vimos», disse Peter Emmerich, porta-voz do festival, à edição eletrónica do semanário Der Spiegel.

O cantor, por seu turno, explicou que foi membro de uma banda de heavy metal na juventude, e que a tatuagem, que considerou «o maior erro» da sua vida, que desejaria «nunca ter cometido», data dessa altura.

As filmagens da ZDF foram feitas quando Nikitin era membro da referida banda, e mostram-no de tronco nu, de cabeça rapada, com a cruz suástica gravada no peito, a tocar bateria.

Fotos atuais mostram, no entanto, que Nikitin tem agora outra tatuagem muito colorida a tapar a cruz suástica.

Quanto o contratou, o Festival de Bayreuth não sabia da antiga tatuagem, nem conhecia o passado de Nikitin, garantiu Emmerich.

«Procurámos uma voz, um cantor para o papel de «O Holandês Voador», a cor de pele ou a nacionalidade não interessavam, e claro que também não costumamos imaginar o que as pessoas têm na pele», referiu o porta-voz do certame.

No caso de Bayreuth, porém, «a situação é diferente», admitiu Emmerich, devido às ligações que o festival teve ao regime nazi e a grandes nomes do III Reich, a começar pelo próprio Adolf Hitler, que era um admirador fervoroso da música de Richard Wagner e espectador assíduo do certame.

Rezam as crónicas que o «Führer» chegou mesmo a ter um romance com a então diretora do festival e nora de Richard Wagner, Winifred Wagner, que mesmo depois da queda do nazismo continuou a defendê-lo.

O passado do festival tornou mesmo muito difícil a sua reedição, nos anos cinquenta do século passado, após a II Guerra Mundial (1939-1945) e a derrota do nazismo, e até hoje a música de Richard Wagner continua a ser banida em Israel.

Lusa
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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