O fast fashion tem os dias contados. É o que diz a pesquisadora de tendências holandesa Li Edelkoort, que já foi apontada pela revista «Time» como uma das pessoas mais influentes do mundo da Moda.

Li Edelkoort apresentou recentemente um «Manifesto Anti-Fashion», no qual apresentou, em 10 tópicos, as razões que a motivam a acreditar que a moda, da forma que a conhecemos hoje, está obsoleta devido à exploração da mão de obra escrava, aos produtos tóxicos, ao ambiente e ao ritmo desenfreado de produção sem pensar nas consequências ambientais e sociais.

1. Educação:
Nas faculdades, os alunos são educados para brilharem sozinhos, para serem estrelas disputadas por grandes marcas de luxo.

2. Materialização:
Ao cortarem drasticamente nos custos, as grandes empresas de moda estão a conduzir a indústria têxtil e a mão de obra artesanal à falência. Como resultado, as faculdades deixam de ensinar criação têxtil e conceitos básicos sobre tecidos. Ou seja, é uma bola de neve que pode levar à quase extinção dos trabalhos manuais.

3. Manufatura:
O sistema recorre aos países de economia fraca, explorando a mão de obra barata e sem proteções trabalhistas.

4. Preços:
A mensagem que se passa com a venda de roupas tão baratas: «Compre, use e deite fora», diz Li. Isto transmite aos jovens consumidores que a moda não tem valor.

5. Designers:
Os grandes nomes do passado mudavam a sociedade, pois introduziam novas silhuetas, novas posturas e novas formas de movimento. Hoje, os designers só querem reciclar tendências do passado.

6. Marketing:
A perspetiva é: como vender mais? Os designers são pressionados para produzirem coleção atrás de coleção, o que mata a criatividade.

7. Publicidade:
«Os anúncios são repetitivos e fica difícil ler os valores da marca», diz Li. Para piorar, as grandes publicações exibem nos seus editoriais de moda exclusivamente as peças de marcas anunciantes. Como resultado, as pequenas (e novas) marcas nunca terão vez.

8. Imprensa e Blogues:
Editores de moda com conhecimento e repertório estão a ser substituídos por jovens escritores sem especialidade nem perspetiva crítica. «Eles generalizam e dão opiniões, ao invés de críticas profissionais», diz Li.

9. Retalho:
Não acompanha a mudança dos tempos.

10. Consumidor:
«Os consumidores de hoje e de amanhã vão escolher sozinhos, criando e até desenhando o que vestem», diz Li.