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Nacional
Morreu José Enes, «um dos mais importantes filósofos do séc. XX»
Lux
Redação Lux em 2 de Agosto de 2013 às 19:49
O primeiro reitor da Universidade dos Açores, e um dos seus fundadores, José Enes, morreu na quinta-feira em Lisboa, tendo sido hoje lembrado por diversas personalidades como um dos maiores filósofos portugueses do século XX.

O ex-reitor da Universidade dos Açores Machado Pires defendeu hoje que a academia açoriana deve prestar a ¿homenagem devida¿ ao professor José Enes.

¿A Universidade saberá decerto escolher o modo como o deve homenagear. Pode ser uma coisa pontual, agora, ou posteriormente, com uma relação e um estudo da própria obra escrita e filosófica do professor José Enes¿, refere.

Machado Pires recorda que conheceu José Enes em Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores, quando o filósofo era professor do seminário local, estando ligado também ao Instituto Açoriano de Cultura, que publicava a reputada revista Atlântica.

¿Era um intelectual de grande relevo na altura, um introvertido, estudioso, conhecia muito bem a cultura clássica e era um homem mais de pensamento do que ação, o que se refletia na sua ligação à própria Universidade dos Açores e à sua criação¿, considera.

¿Foi o professor José Enes que me confiou, com muita abertura, a mim e aos professores Fraga, Teodoro de Matos e Vasco Garcia, entre outros, a construção do edifício, em sentido figurado, de uma universidade¿, recorda Machado Pires, concluindo que "tinha um grande nível e a sua tese de doutoramento ("Às Portas do Ser") é um trabalho notável¿.

O presidente do Governo dos Açores também já manifestou o seu ¿profundo pesar¿ pelo falecimento de José Enes, destacando, numa mensagem à família, que durante a sua ¿extensa e brilhante¿ carreira académica, bem como através do seu percurso cívico, tornou-se uma ¿figura incontornável¿ na criação e desenvolvimento do ensino superior nos Açores.

¿Defendendo sempre com vigor e frontalidade as suas convicções, habituou-nos também a uma intensa atividade em prol de uma sociedade mais esclarecida e de uma democracia mais participada e consequente¿, afirma Vasco Cordeiro.

Para o presidente do Governo dos Açores, é ¿com profundo pesar¿ que se regista esta ¿perda¿, convicto de que a sua obra ¿continuará a influenciar positivamente¿ os que se dedicam ao pensamento filosófico e ao estudo do desenvolvimento dos Açores.

Natural das Lajes do Pico, José Enes, que faleceu com 89 anos, é considerado pelo escritor Miguel Real, na revista Nova Guia - Revista de Cultura para o Século XXI, o ¿mais importante pensador¿ açoriano depois de Antero de Quental e Teófilo Braga e um dos ¿mais importantes filósofos portugueses¿ do século XX.

José Enes, com formação em escolástica tomista pela Universidade Gregoriana de Roma (1945-1950 e 1964-1966), foi professor da Universidade Católica entre 1968 e 1973.

A partir de 1976, foi professor e primeiro reitor da Universidade dos Açores, jubilando-se como vice-reitor da Universidade Aberta (1992-1994).

José Enes foi agraciado, em 2007, pela Assembleia Legislativa Regional dos Açores com a Insígnia Autonómica de Reconhecimento.

LUSA
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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