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Nacional
Redação Lux em 2 de Julho de 2012 às 09:20
Fotos: João Braga celebra 45 anos de carreira com um concerto muito especial
João Braga celebrou no passado domingo 45 anos de carreira com um concerto muito especial no Auditório da Fundação Champalimaud, em Lisboa.

Casa cheia, dividida entre o seu público mais fiel e amigos do fadista que, na plateia ou em cima do palco, fizeram questão de aplaudir o seu percurso artístico e profissional.

Em Dia de São João, este sportinguista de gema, de 67 anos, mostrou-se radiante no final do espetáculo. «Resumo a minha carreira com aquilo que se passou hoje no palco deste auditório. O fado vai direito ao coração das pessoas porque fala dos momentos que levamos da vida, e quando isso acontece é porque em palco somos tocados por aquilo que estamos a cantar... pelas palavras e pela música», explica João Braga à Lux.

«A emoção que sentimos passa para a assistência, que responde com bravos, palmas e com caras sorridentes. É uma permuta de emoções», garante o fadista.

Na plateia, amigos de longa data e colegas na arte de bem cantar o fado - reconhecido pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade - festejaram com João Braga os mais de 30 discos editados e os muitos espetáculos que marcaram a sua carreira.

João Braga estreou-se em público aos 9 anos na capela do Colégio São João de Brito e o fado sempre foi a sua grande paixão. A emoção com que entoa o «cântico» da alma tornou-se inspiração para as novas gerações de fadistas, «jovens com talento e qualidade, que assim saíram do anonimato para se transformarem em grandes nomes da música fadista».

Cuca Roseta, Maria Ana Bobone, Miguel Capucho e Rodrigo Costa Félix partilharam o palco com o «mestre», o fadista a quem carinhosamente atribuem o estatuto de «padrinho».

«Não gosto desse apelido por causa do Francis Ford Coppola que fez o filme O Padrinho, uma personagem execrável. Não o Marlon Brando, coitado, mas o padrinho propriamente dito, o Don Corleone. Prefiro que me chamem «patrono», disse João Braga, entre sorrisos. «Mestre é também um bocadinho pretensioso, porque eu não os ensinei a cantar. Dei-lhes umas dicas, mas eles já cantavam muito bem quando chegaram ao pé de mim. E foi por isso que, apesar de terem 18 ou 20 anos, lhes dei visibilidade em programas e espetáculos, pela primeira vez junto do grande público», garante João Braga, fã incondicional da diva Amália Rodrigues. Foram duas horas de fado que invadiu os corredores da Fundação António Champalimaud. A representar a família esteve Maria Luísa Champalimaud, admiradora e amiga do fadista: «Foi excelente e é para repetir.» A presença de Manuel Alegre também foi notada, e João Braga recordou a sua poesia através da sua voz. «Gostei imenso e esta comemoração é muito merecida. São muitos os momentos marcantes que vivi ao lado do João. Falamos muito sobre fado e por vezes saem muitos poemas que ele canta», elogiou o poeta e político português.

João Braga dedicou os seus 45 anos de carreira ao público, o «único» e o «melhor patrocinador» que poderia ter tido ao longo destas quase cinco décadas. E se o futuro a Deus pertence, como dizem, então João Braga assume que ainda tem muito por conquistar: «Quando eu não me sentir com a mesma pica, e passo o calão, que senti hoje aqui neste palco, discretamente entro nas boxes e, sem alarme ou dramas, dou por encerrada a sessão. O que está feito está feito. O que me atrai e me entusiasma é o que ainda está por fazer.»
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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